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Vida Plena

Em evidência na quarentena, ócio também pode ser bem-vindo

Normalmente vinculado a sentido negativo, ato pode proporcionar bem-estar e despertar criatividade

Janaína Guimarães tem aproveitado tempo em casa para aprimorar talento com pinturaJanaína Guimarães tem aproveitado tempo em casa para aprimorar talento com pintura - Foto: Cortesia

Quando se fala em ócio, uma das principais associações feitas é com a procrastinação, o tédio e a falta do que fazer. Normalmente vinculado à preguiça, costuma-se olhar para a desocupação como algo negativo, mas isso pode variar. Segundo a neuropsicóloga Paula Uchôa, a incidência do ócio aumentou nesse período de quarentena. "Desaceleramos. Vivíamos no automático e de forma sempre rápida e intensa. Fomos obrigados a parar e de forma abrupta. É natural que muitas pessoas tenham demorado a assimilar o que estava acontecendo. Muitas agiam, inclusive, como se estivessem de férias", revelou. "Apesar da situação, é imprescindível manter em dia os seus projetos e objetivos de antes da quarentena".

Segundo a profissional, é comum que algumas pessoas se sintam culpadas por não conseguirem cumprir algumas obrigações. "Quando as pessoas sentem culpa, elas não conseguem gerenciar o próprio tempo e isso pode acarretar em transtornos psicológicos mais graves", afirmou. A neuropsicóloga reforça que há situações em que é importante não fazer nada. "Existem momentos em que é bom você assistir à série que você gosta, ficar apenas mexendo no seu smartphone... E está tudo bem", concluiu.

Para Vanessa Benevides, professora de Psicologia da Universo e psicodramatista, a culpa pode acontecer quando o ócio está atrelado a um quadro de ansiedade. "Quanto mais ansiosa uma pessoa está, maior a probabilidade que ela tem de postergar as suas atividades", disse. Conforme Benevides, embora a ansiedade seja necessária para que o ser humano desenvolva a sua defesa, as pessoas costumam reduzir o ócio à procrastinação.

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No entanto, a especialista salienta que o tempo vago também tem seu lado positivo, pois ele pode proporcionar um bem-estar para o indivíduo. "Quando estamos muito envolvidos com alguma atividade e nos sentimos pressionados, por conta do prazo, por exemplo, existe a chance de não conseguirmos evoluir com aquela demanda por conta da carga de pressão que está sobre nós. Para esses momentos, o ócio pode ser bem-vindo. Desfocar um pouco pode proporcionar uma espécie de desbloqueio criativo e facilitar a conclusão da tarefa", explicou Vanessa.

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Com as pessoas passando mais tempo em casa, por conta do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, algumas estão descobrindo novos talentos ou até mesmo resgatando hábitos que não eram possíveis de praticar durante o dia a dia. É o caso da professora e enfermeira Janaína Guimarães, que voltou a pintar. Ela já se dedicava ao hobby há algum tempo, mas sempre com pouca frequência por trabalhar em dois empregos. Durante uma disciplina eletiva com seus alunos, teve a oportunidade de se reaproximar da pintura e conseguiu ocupar o tempo e aprimorar o talento. "Como precisamos passar todo o nosso tempo em casa, aproveitei para estreitar ainda mais a minha relação com a pintura. Tenho dedicado todas as minhas tardes para a arte", revelou.

O que era apenas uma forma de passar o tempo e relaxar surpreendeu Janaína. As telas fizeram tanto sucesso que alguns amigos realizaram encomendas. Diante da alta demanda, ela precisou criar um perfil no Instagram para divulgar as suas telas. "Pintar é algo que sempre gostei de fazer e tem me ajudado a passar o tempo. Além disso, como tenho pintado por encomenda, também tem ajudado na minha renda", concluiu.

A descoberta de novos hobbies e a realização de atividades que façam a pessoa relaxar pode ser uma maneira não só de ocupar o tempo, mas também de auxiliar na retomada de uma rotina. Paula Uchôa indica ainda o desenvolvimento da espiritualidade. Já Vanessa Benevides recomenda tratamentos não formais, como uma meditação ou até mesmo uma atividade física.

#vidaplenajaymedafonte

 

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