Em Gaza, nem a bandeira da ONU serve de proteção
Mais de 600.000 habitantes do território assediados refugiaram-se nas instalações da agência da ONU para os refugiados palestinos
A bandeira da ONU já não basta para proteger os 600.000 palestinos que se abrigaram nas escolas da organização na Faixa de Gaza, lamentou, nesta sexta-feira (3), um funcionário da ONU no terreno, que informou a morte de 38 pessoas nesses abrigos .
Enquanto a Faixa de Gaza é bombardeada sem trégua pelo Exército israelense desde o sangrento ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, mais de 600.000 habitantes do território assediados refugiaram-se nas instalações da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), principalmente escolas.
“São pessoas que buscam proteção sob a bandeira da ONU, sob o direito internacional humanitário”, comentou Thomas White, responsável da UNRWA para Gaza por videoconferência.
“A realidade é que nem sequer podemos lhes fornecer a segurança da ONU”, lamentou ante os Estados-membros das Nações Unidas, reunidos para escutar um relatório sobre a situação humanitária.
"Mais de 50 de nossas instalações foram afetadas pelo conflito, entre elas, 5 de forma direta. Acredito que na última contagem, 38 pessoas morreram em nossos abrigos", destacou, temendo que essa cifra "aumente significativamente", principalmente no norte, onde a UNRWA não tem mais contato com muitas dessas instalações.
Apesar de tudo, as Nações Unidas "são hoje a única esperança para a população de Gaza", e "não quero que chegue o dia em que a bandeira da ONU deixe de balançar" nesse território.
Gaza é “uma paisagem de morte e destruição”, disse após visitar o território nas últimas semanas.
Pelo menos 72 funcionários da UNRWA morreram desde 7 de outubro.
Segundo um novo relatório publicado pelo Hamas nesta sexta-feira, 9.227 pessoas, entre elas 3.286 crianças, morreram em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza nas últimas semanas.
“E só Deus sabe quantas outras restam sem contar sob os escombros”, referiu o chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Martin Griffiths.
"O sistema sanitário está de joelhos" e a UNRWA "está praticamente fora de combate".
Em Israel, morreram, pelo menos, 1.400 pessoas, segundo as autoridades, desde o início da guerra, a maioria civis assassinados no dia ataque do Hamas, que foi de uma escalada e de uma violência sem precedentes desde a criação de Israel em 1948.
Mais de 240 pessoas foram tomadas como reféns. “O que vimos se desenvolver nos últimos 26 dias em Israel e nos territórios ocupados nada mais é do que uma mancha em nossa consciência coletiva”, comentou Martin Griffiths.