GUERRA NA UCRÂNIA

Em meio à guerra, Putin promete trens de alta velocidade em regiões anexadas da Ucrânia

Construção de linhas em Donetsk e Luhansk começou em setembro, com objetivo inicial de reduzir a dependência das tropas russas da rota de suprimentos da Crimeia

Trem russo deixa estação de Lappeenranta, na Finlândia Trem russo deixa estação de Lappeenranta, na Finlândia  - Foto: Lauri Heino / Lehtikuva / AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira que irá construir linhas de trem de alta velocidade ligando a Rússia aos territórios de Donetsk e Luhansk, anexados por Moscou no ano passado e que estão no centro da invasão militar iniciada há quase dois anos. Caso saia do papel, o plano será mais uma etapa da implementação de fato da presença do Estado russo na região.

— Gostaria de enfatizar especialmente: no futuro, é claro, iremos construí-los [trens de alta velocidade] até Lugansk e Donetsk — disse Putin, durante um congresso ferroviário em Moscou — Está previsto que as rodovias de alta velocidade passem por territórios onde vivem mais de 111 milhões de nossos cidadãos, o que representa 80% da população do país.

Hoje, não há linhas de trem de alta velocidade na Rússia — um projeto piloto, que promete ligar as duas maiores cidades russas, Moscou e São Petersburgo, em cerca de 2h15m tem previsão de sair do papel apenas em 2030. Hoje, o trem mais rápido faz a viagem, de 630km, em quatro horas. Outro projeto, que ligaria Moscou a Kazan, deveria ter sido iniciado em 2017, mas segue sem previsão de inauguração. Além das regiões anexadas, Putin prometeu uma linha direta e rápida para Minsk, na Bielorrússia. Ele não deu prazos para nenhum dos planos anunciados nesta sexta.

Em setembro, um assessor do prefeito de Melitopol, na região de Zaporíjia (Sul), afirmou que os russos estavam construindo linhas ferroviárias em Donetsk e Luhansk, como forma de abrir uma nova linha de suprimentos para as tropas nas linhas de frente. Os ataques recorrentes à Ponte da Crimeia, que é vital para manter as forças de invasão abastecidas, levantaram dúvidas sobre sua confiabilidade a médio prazo, e as linhas férreas dariam uma vantagem estratégica aos militares — a empresa estatal de trens nega que tenha transportado equipamento militar em seus trens. No momento, não há trens de passageiros cruzando a fronteira.

Caso confirmadas as ligações diretas entre os territórios ocupados e a Rússia, seria mais uma etapa da implementação da presença do Estado russo nessas regiões. Desde o ano passado, os cidadãos estão submetidos ao código legal russo, podem ter passaportes russos e usam telefones com o código internacional russo, dentre outras mudanças. As autoridades de Moscou também anunciaram que as regiões anexadas poderão votar na eleição presidencial do ano que vem — Putin, como esperado, será candidato a mais um mandato.

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