Em nova acusação de agressão contra criança negra, Pão de Açúcar afasta funcionário
A empresa disse que "repudia e não tolera qualquer ato de violência ou desrespeito"
A Polícia Civil de São Paulo investiga mais um caso de agressão de um funcionário de um supermercado contra uma criança negra acusada de furtar um produto.
Desta vez, o caso ocorreu em uma unidade do Pão de Açúcar na capital paulista, em Pinheiros, bairro da zona oeste da cidade, na noite de terça-feira (2).
O episódio foi visto por João Montanaro, cartunista do jornal Folha de S. Paulo, que relata que estava em casa quando foi surpreendido por uma gritaria vinda da rua, por volta das 21h30.
"Quando olho pela janela, no meio da rua, em frente ao estacionamento do mercado, tem um cara com uma camiseta da cor do mercado segurando uma criança negra com uns 11 ou 12 anos, que tinha uma sacola na mão. Eles estão se atracando na rua e o cara dá um soco na cabeça da criança, que estava tentando se desvencilhar", relata.
Segundo Montanaro, a agressão só foi interrompida quando os entregadores de aplicativo que ficam na porta do mercado tentaram separar a briga e se revoltaram contra o agressor. "Os outros seguranças do Pão de Açúcar que estavam perto levaram o cara [agressor] para dentro e nisso a criança já tinha sumido", diz ele.
Procurado, o Pão de Açúcar afirmou que "tão logo tomou conhecimento sobre o ocorrido na noite de ontem, acionou imediatamente a loja e as autoridades, e iniciou um processo interno de apuração".
A empresa disse que "repudia e não tolera qualquer ato de violência ou desrespeito" e que "o colaborador envolvido está afastado até que o processo de apuração seja finalizado e as providências necessárias possam ser tomadas."
A Polícia Civil afirmou que foi registrada uma queixa de furto na madrugada desta quarta-feira (3) por meio da Delegacia Eletrônica, ou seja, pela internet, e o caso foi encaminhado ao 14º Distrito Policial, onde é investigado. A delegacia também investiga a denúncia de agressão, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
OUTROS CASOS
Em 2018, um adolescente de 16 anos foi agredido por três seguranças de uma unidade da mesma rede no Jabaquara, zona sul de São Paulo, após consumir um salgadinho e dois chocolates no mercado. Eles dispararam contra o rosto do rapaz com uma arma de pressão.
Leia também
• Supermercados devem melhorar práticas de responsabilidade, diz ONG
• Caso de homem negro espancado até a morte no Carrefour repercute entre famosos
• Seguranças suspeitos de chicotear garoto em supermercado de SP são indiciados por tortura
Em maio de 2019, um segurança do Pão de Açúcar foram novamente acusados de agredir uma moradora de rua transexual em uma unidade da rua da Consolação, também em São Paulo.
Da mesma rede do Grupo Pão de Açúcar, unidades do mercado Extra também tiveram episódios recentes de agressões. Em fevereiro de 2019, Pedro Henrique Gonzaga, 19, sufocado por um segurança na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em setembro do mesmo ano, um rapaz foi torturado em um Extra do Morumbi, em São Paulo, amordaçado, amarrado e recebendo choques.
Em novembro de 2020, ganhou repercussão nacional o espancamento e morte de um cliente desta vez do Carrefour em uma unidade de Porto Alegre, que teve seu assassinato filmado.