BRASIL

Em nove dias, Goiás tem aumento de 868% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período de 2023

Quantidade já supera o total de incêndios em todo o mês de setembro de 2023

Incêndio na Chapada dos VeadeirosIncêndio na Chapada dos Veadeiros - Foto: divulgação

Apenas nos primeiros nove dias desse mês de setembro, o estado de Goiás registrou 1.468 focos de incêndio, número que representa um aumento de 868% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 169 focos foram contabilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A quantidade já supera, inclusive, o total de queimadas em todo o mês de setembro de 2023, que teve 651 incêndios mapeados.

A preocupação com o fogo se intensificou tanto no estado, que há a probabilidade de o mês de setembro registrar mais focos de incêndios que o total contabilizado durante todo o ano de 2023.

No ano passado, foram tiveram 3.160 pontos de queimadas, quase metade dos focos registrados de 1º a 9 de setembro de 2024.

A equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Prevfogo e brigadas voluntárias, está mobilizada para combater incêndios florestais que se iniciaram na última quinta-feira (5), na região do Paralelo 14 e Simão Corrêa, abrangendo áreas protegidas como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e a área de proteção ambiental estadual de Pouso Alto.

Atualmente, a linha de fogo que ameaçava as comunidades do Moinho e do Sertão foi controlada, mas ainda há reignições na linha. As equipes continuam a combater o incêndio, utilizando aeronaves, incluindo dois Air Tractors, para lançar água nas áreas afetadas.

10 mil hectares queimados
Ao todo, 77 profissionais, incluindo brigadistas, analistas e apoio logístico. O incêndio florestal já queimou cerca de 10 mil hectares, sendo 7 mil dentro das áreas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

— Ainda não temos informações de como o fogo começou, mas sabemos que ele não tem causas naturais. A situação está muito alarmante porque, além do aumento dos focos de incêndio, está um clima muito quente, com pouca umidade do ar e bastante vento, o que faz com que o fogo se espalhe mais rapidamente — explica Nayara Stachesk, chefe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV).

Brigadistas voluntários da Chapada dos Veadeiros denunciaram a falta de fiscalização e combate aos incêndios em um lixão na área de proteção ambiental de Pouso Alto. Toda a localidade, que compreende seis cidades do nordeste do estado de Goiás, vem sendo consumida pelo fogo há cerca de cinco dias.

De acordo com o brigadista Ivan Anjo Diniz, desde 2021, exceto em 2023, os primeiros dias do mês, próximo ao feriado do 7 de setembro, Dia da Independência, são marcados por intensas queimadas.

Ainda segundo o brigadista, dezenas de familias tiveram que abandonar suas casas na última semana devido às queimadas.

— Todo ano é a mesma coisa. O lixão pega fogo sempre na mesma semana! Em 2021 foi no dia 07 e setembro, 2022 foi dia 04 de setembro, em 2023 não teve (oh glória) e esse ano 6 de setembro iniciado perto das 22hs enquanto ainda cuidavam do fogo no Pouso Alto. Seria só coincidência? A prefeitura não se organiza para fiscalizar, vigiar e muito menos para combater. Parecem gostar que o lixão diminua seu volume todo ano para ter menos o que administrar — escreveu Diniz.

Incêndios deixam feridos
O dia 7 de setembro em Goiás foi marcado por uma situação que fugiu das tradicionais celebrações pela Independência no país. Em menos de 24 horas, foram registrados 42 incêndios florestais e urbanos em diferentes cidades no estado.

No município de Portelândia, distante 460 km da capital, três pessoas ficaram gravemente feridas por chamas que avançaram sobre a BRR-364. A Polícia Militar também prendeu três suspeitos de atearem fogo em três outras cidades.

Em alta de registros, as chamas atingem e destroem, principalmente, vegetações no interior do estado. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, foram combatidos 1011 incêndios florestais somente no mês passado, quase o dobro do total registrado no mesmo período no ano passado (598).

Apenas na primeira semana de setembro deste ano, já foram atendidas 260 ocorrências dessa categoria.

Entre os 42 casos registrados neste sábado, o mais grave aconteceu no município de Portelândia, onde a fumaça densa causada pela queima da mata dificultou a visibilidade na rodovia, levando um motorista de um veículo com mais duas pessoas a perder a orientação e sair da pista, caindo dentro de um buraco na estrada.

Ao tentar sair do carro, uma mulher que estava entre as vítimas do acidente sofreu queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus nos membros inferiores, superiores e no tronco.

Inicialmente, ela foi encaminhada para uma unidade pronto-atendimento próxima, mas precisou ser transferida para um hospital em Goiânia para dar continuidade ao tratamento. As outras vítimas, dois homens, também sofreram queimaduras, mas de menor gravidade, e foram encaminhados para uma UPA local.

De acordo com informações fornecidas pelo Corpo de Bombeiros nesta manhã, o estado de saúde deles é estável.

Presos por incêndio criminoso
A Polícia Militar prendeu três homens suspeitos de atearem fogo em vegetação em três cidades no interior do estado neste sábado.

A primeira ocorrência foi registrada em Caldas Novas, no sul goiano, onde moradores testemunharam que um homem ateando fogo em uma vegetação localizada dentro de uma área urbana. Agentes do Batalhão Ambiental localizaram o suspeito, encontrando com ele um isqueiro, e o encaminharam para a delegacia.

Já o segundo incêndio criminoso teria acontecido no município de Mineiros, onde nova uma denúncia levou as forças policiais até o suspeito que ateava fogo em um terreno baldio. De acordo com a PM, ele, que já havia provocado um incêndio no dia anterior, voltou a cometer o crime e ameaçou os vizinhos.

O homem foi preso em flagrante e autuado com base no artigo 250 do Código Penal, que trata sobre o crime de "causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem". A pena para essa violação inclui o pagamento de multa e o período de reclusão que pode variar de três a seis anos.

A terceira prisão ocorreu em Itumbiara, onde um homem também foi denunciado por moradores após ser visto colocando fogo em uma mata próxima ao Fórum da cidade. A Polícia Militar, com o apoio do Corpo de Bombeiros, conseguiu controlar o incêndio e o autor foi preso em flagrante, sendo conduzido posteriormente à delegacia.

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