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EDUCAÇÃO

Em parceria com a UFPE, 'Mãos Solidárias' vai alfabetizar 18 mil pessoas

Segundo IBGE, País tem 9,3 milhões de brasileiros com até 15 anos ou mais que não sabem ler

Campus da UFPE no RecifeCampus da UFPE no Recife - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O ‘Mãos Solidárias’, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Ministério da Educação (MEC), lança a ‘Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias’, com o objetivo de alfabetizar cerca de 18 mil pessoas em 2025, em periferias urbanas e rurais.

No Brasil, 9,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler, ou escrever, segundo dados do IBGE de 2023. Desse total, 5,1 milhões estão no Nordeste, região onde a taxa de analfabetismo (14%) ultrapassa o dobro da média nacional (5,4%). A desigualdade racial também é evidente: entre pessoas negras, o índice chega a 7,1%, mais que o dobro do registrado entre pessoas brancas (3,2%).

A iniciativa, que integra o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos, será realizada em todos os estados do Nordeste, além de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As turmas serão formadas em territórios periféricos, onde o Mãos Solidárias já atua com educação e organização popular.

As aulas começam em abril e terão duração de cinco meses, utilizando o método “Sim, Eu Posso”, desenvolvido pelo Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho (IPLAC) e aplicado no Brasil desde 2006 pelo Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST).

“A alfabetização é um direito básico e uma ferramenta essencial para a inclusão social e o exercício da cidadania. Com essa jornada, queremos não apenas ensinar a ler e escrever, mas também fortalecer a autonomia e a leitura crítica do mundo. Por isso, é tão importante unir forças entre o poder público, a educação pública brasileira e a sociedade civil organizada”, afirma Paulo Mansan, integrante da coordenação nacional da jornada e do Mãos Solidárias.

A jornada contará com uma equipe de 1.300 pessoas, sendo 1.250 alfabetizadores e alfabetizadoras que atuarão diretamente nas comunidades. O processo inclui mobilização, formação das equipes e acompanhamento pedagógico, além da sistematização e análise dos resultados ao final do projeto.

Impacto social e desafios
O analfabetismo é um problema que vai além da dificuldade de leitura e escrita. Ele limita o acesso a direitos básicos, dificulta a inserção no mercado de trabalho e prejudica a socialização. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, já dizia Paulo Freire, patrono da educação brasileira e referência teórica do projeto.

A professora e associada do Centro de Educação da UFPE, Orquídea Guimarães, aponta que a superação do analfabetismo no Brasil é uma “dívida histórica”, que faz parte de “um projeto de sociedade mais justa”. “Quando falamos em alfabetizar jovens adultos e idosos, que tiveram o direito à educação escolar em idade regular negado, a jornada se torna ainda mais necessária, considerando o impacto que a alfabetização pode trazer na vida de cada pessoa presente nas periferias de cidades brasileiras, no Nordeste e no Sudeste do país”. A UFPE compõe a coordenação da jornada.

A superação do analfabetismo é também uma luta por igualdade racial e regional. Durante o lançamento do Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos, em junho 2024, o ministro da Educação, Camilo Santana,  lembrou que o analfabetismo “tem cor, raça e está marcado regionalmente, a maioria é negra, está na zona rural e são nordestinos”.

“Queremos por meio desse pacto atacar as frentes do analfabetismo e baixa escolaridade e queremos que isso aconteça nos dois casos o quanto for possível integrado à educação profissional”, afirmou o ministro.

Como participar
Podem se inscrever pessoas a partir de 15 anos que não estejam alfabetizadas, tenham dificuldade na leitura e escrita ou não estejam matriculadas na escola. Pessoas interessadas devem entrar em contato:

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