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GUERRA

Em recado ao Congresso, assessor de Biden afirma que ucranianos ''racionam ou ficam sem munição'''

Jake Sullivan fez novo apelo às lideranças do Congresso por aprovação de pacote bilionário de ajuda a Kiev, travado desde o ano passado

O presidente americano, Joe Biden, ao lado de Antony Blinken, ao centro, e Jake Sullivan O presidente americano, Joe Biden, ao lado de Antony Blinken, ao centro, e Jake Sullivan  - Foto: Brendan Smialowski / AFP

Em mais um recado ao Congresso para que aprove o quanto antes um pacote de ajuda militar à Ucrânia, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou que as tropas ucranianas estão racionando ou ficando sem munição nas linhas de frente, no momento em que a guerra se aproxima de dois anos de combates.

— Não podemos mais esperar. Cada dia [de espera] vem ao custo de vidas do povo da Ucrânia e dos interesses nacionais dos Estados Unidos da América — afirmou Sullivan nesta quarta-feira, em entrevista coletiva. — O custo da falta de ação está ficando mais alto a cada dia.

Na véspera, o presidente Joe Biden fez mais um pronunciamento direcionado aos republicanos no Congresso defendendo a aprovação imediata do pacote que prevê o envio de US$ 95,34 bilhões (US$ 473,70 bilhões) à Ucrânia, a Israel, a aliados dos EUA na região da Ásia e Pacífico, destinada a conter o que Washington vê como ameaças vindas da China.

O plano também reserva recursos para a missões no Mar Vermelho e assistência humanitária internacional. Ele foi aprovado pelo Senado na terça-feira, mas ainda não se sabe quando a Câmara, dominada pelos republicanos e onde uma ala radical e ligada ao ex-presidente Donald Trump tem dominado as discussões, vai analisar o texto.

— Peço ao presidente da Câmara que permita à Câmara expressar livremente suas opiniões e não permita que uma minoria de vozes extremas bloqueie esse projeto mesmo antes de ser votado — disse Biden, na terça-feira. — Apoiar esse projeto é fazer frente a Putin, e ser contra ele é fazer o jogo de Putin.

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a Ucrânia depende da ajuda externa para conseguir fazer frente à invasão russa, e apesar de avanços importantes nestes últimos dois anos, especialmente ao conter o avanço da Rússia, Kiev se queixa que equipamentos mais avançados não foram fornecidos, especialmente aviões de combate. No ano passado, foi registrada uma queda generalizada no envio de ajuda aos ucranianos, e o impasse sobre pacotes dos EUA, maiores doadores individuais à Ucrânia, já ameaça a defesa do país.

— Estamos recebendo cada vez mais relatos de forças ucranianas racionando, ou ficando sem munição nas linhas de frente, enquanto as forças russas continuam a atacar por terra e também seguem inutilizando sistemas de defesa aérea da Ucrânia — disse Sullivan nesta quarta, apontando que aliados e adversários dos EUA estão observando esta situação "muito de perto".

Pelo plano hoje parado na Câmara, a Ucrânia receberia US$ 60 bilhões (US$ 298,11 bilhões), sendo que a maior parte na forma de armas e equipamentos militares. Segundo o Instituto Kiel, da Alemanha, desde fevereiro de 2022, os EUA forneceram US$ 43,9 bilhões (R$ 218,12 bilhões) em ajuda militar a Kiev.

Neste mesmo período, a Rússia conseguiu contornar dificuldades iniciais para suprir suas linhas de frente, seja com o incremento das atividades de sua indústria armamentista, seja com o apoio de aliados como o Irã e a Coreia do Norte, que vêm fornecendo munição e equipamentos como drones de combate.

"O velho ditado ainda é verdade: o lado com a maior quantidade de munição para lutar geralmente vence", escreveu o ministro da Defesa ucraniano, Rustam Umerov, em carta ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, obtida pelo Financial Times. "A escassez [de munição] está aumentando a cada dia."

Há ainda um outro fator de preocupação na Casa Branca. Boa parte do impasse para aprovar o plano pode ser creditada à oposição de Donald Trump ao plano — virtual candidato republicano à Presidência em novembro, o ex-presidente tem sinalizado que, caso eleito, poderá cortar todas as linhas de ajuda a Kiev, e sugeriu que se os países da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, não incrementarem suas contribuições, os EUA "não protegeriam" a Europa no caso de uma nova invasão russa.

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