Em segundo dia de julgamento, Trump gostaria de estar na rua fazendo campanha
Um dia antes, Trump repreendeu o juiz Juan Merchan, que o obrigou a comparecer a todas as audiências (quatro dias por semana)
Seus gestos, sua atitude e suas declarações deixam claro: Donald Trump daria tudo para estar em outro lugar que não fosse um tribunal de Nova York que o impede de fazer campanha eleitoral.
De terno e camisa azul, gravata listrada da mesma cor e rosto tenso, Trump voltou ao tribunal nesta terça-feira (16), pelo segundo dia consecutivo de seu julgamento criminal, o primeiro de um ex-presidente na história dos Estados Unidos.
"Eu deveria estar agora na Pensilvânia, na Flórida, em muitos outros estados, na Carolina do Norte, na Geórgia fazendo campanha", disse Trump à imprensa ao chegar ao tribunal, denunciando mais uma vez um "julgamento que nunca deveria ter acontecido".
Um dia antes, Trump repreendeu o juiz Juan Merchan, que o obrigou a comparecer a todas as audiências (quatro dias por semana), por tê-lo impedido de assistir à entrega dos diplomas do filho ou de acompanhar uma audiência na Suprema Corte americana na próxima semana.
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O ex-presidente republicano é acusado de ocultar um pagamento de US$ 130 mil (R$ 672 mil, na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels, para comprar seu silêncio sobre um suposto caso extraconjugal que remonta a 2006 e para proteger sua campanha eleitoral em 2016, na qual derrotou a democrata Hillary Clinton.
Questionário para o júri
Neste dia dedicado exclusivamente à escolha do júri de 12 pessoas e seis suplentes, que decidirá o seu destino, Trump em silêncio olha para os possíveis membros do júri à sua direita para examiná-los um a um.
Ele não expressa nenhuma emoção particular e por vezes parece até entediado, a ponto de cochilar, diante do desfile repetitivo de cidadãos anônimos que representam a diversidade da sociedade novaiorquina e que foram lançados neste turbilhão judicial por meio de sorteio.
Cada um responde em voz alta a um questionário minucioso sobre sua situação profissional e familiar, seus hobbies, suas fontes de informação ou suas simpatias ou antipatias em relação ao réu.
Depois de um momento de atitude essencialmente passiva, o magnata republicano parece ter um interesse mais ativo nas respostas de potenciais membros do júri, enquanto folheia uma cópia do questionário.
Ele demonstra certa animação quando um possível escolhido responde positivamente à pergunta: "Você leu algum dos livros escritos pelo réu?" Sim, "A Arte da Negociação", ele responde, provocando um sorriso e um aceno de aprovação de Trump.