TURISMO

Em tentativa de ''deixar o Everest respirar'', Nepal limita permissões de escalada

Montanha mais alta do mundo ganha regra que restringe número de escaladas. Segundo a AFP, decisão não especifica quantidade exata de pessoas

Temporada de escaladas no EverestTemporada de escaladas no Everest - Foto: ANG TASHI SHERPA/AFP

Uma decisão publicada nesta semana pela Justiça do Nepal intimou o governo a limitar as permissões de escalada no Everest e outras montanhas. Com 8 dos 10 montes mais altos do mundo, o país asiático recebe centenas de aventureiros ano a ano, especialmente na primavera — quando as temperaturas são mais amenas e há menos vento.

A informação foi confirmada nesta sexta-feira pelo advogado Deepak Bikram Mishra, autor de uma petição para reduzir as permissões. Segundo ele, o tribunal respondeu às preocupações públicas sobre as montanhas do Nepal e seu meio ambiente.

"A decisão ordenou um limite no número de alpinistas e também impôs medidas para o manejo de resíduos e a preservação do ambiente das montanhas", disse Mishra à AFP.

Em suma, o veredito determina que a capacidade das montanhas "deve ser respeitada", e é necessário determinar um número máximo adequado de permissões. Embora não especifique, ao menos no resumo publicado, o limite específico de permissões emitidas.

Atualmente, o Nepal emite permissões para todos que solicitam e estão dispostos a pagar US$ 11 mil (R$ 55,7 mil) para escalar o Everest, a montanha mais alta do mundo, a 8.848 metros acima do nível do mar.

Deixar a montanha respirar
No ano passado, o país emitiu 478 permissões para o Everest, um recorde. Em 2019, um congestionamento massivo de tráfego humano fez com que as equipes esperassem horas no topo a temperaturas abaixo de zero — arriscando esgotar os níveis de oxigênio, podendo levar a doenças e exaustão. Pelo menos quatro das 11 mortes na montanha, naquele ano, foram atribuídas ao congestionamento.

"Estamos pressionando muito a montanha e precisamos dar um alívio a ela", enfatizou Mishra.

A decisão do tribunal também impôs restrições aos helicópteros, que só poderão ser usados em casos de resgates de emergência. Nos últimos anos, as aeronaves foram frequentemente usadas para transportar equipamentos de montanhismo para acampamentos na base e terrenos perigosos.

A presidente da Associação de Montanhismo do Nepal, Nima Nuru Sherpa, comentou que tais decisões devem ser tomadas após um estudo adequado e consultas com as partes interessadas.

"Ainda não esta claro como isso afetará a indústria. Não sabemos qual base foi usada para estabelecer os limites, e como serão divididas as permissões entre os operadores de expedição", enfatizou o advogado. "O importante é nos concentrarmos em como podemos tornar as montanhas mais seguras".

Neste ano, o Nepal emitiu permissões para 945 escaladores para suas montanhas até o momento, incluindo 403 para o Everest.

Outras regras
O Nepal também passou a exigir neste ano que os alpinistas do Everest levem localizadores GPS para facilitar a busca e o resgate em caso de acidente, e que se responsabilizem pela eliminação de seus excrementos com sacos biodegradáveis.

As medidas visam a melhorar a higiene, a segurança e as condições de resgate no Everest. A última temporada foi uma das mais mortíferas já registradas, com 18 mortes na montanha mais alta do mundo.

Os rastreadores GPS, já utilizados por muitos alpinistas profissionais, ajudam a acompanhar o progresso em direção ao cume e também a garantir a segurança.

Para a temporada de escalada iniciada neste mês e que vai até maio, o Nepal exigirá localizadores potentes e mais compactos, fáceis de costurar em uma peça de roupa e que não necessitem de recarga para funcionar.

Os alpinistas também devem ser capazes de serem detectados mesmo sob 20 metros de neve.

— Os localizadores GPS são obrigatórios para os alpinistas este ano para que, em caso de acidente, sua localização possa ser identificada com precisão — disse nesta terça-feira (12) o diretor de montanhismo do departamento de turismo do Nepal, Rakesh Gurung.

A autoridade local também introduziu uma série de novas regulamentações para preservar o Everest, montanha sagrada para os sherpas, onde toneladas de resíduos são abandonadas a cada temporada.

Recorde de alpinistas
Em 2023, o Nepal concedeu licenças a 1.046 alpinistas para 24 picos, rendendo ao governo US$ 5,6 milhões (R$ 28 milhões), dos quais US$ 5 milhões (R$ 25 milhões) vieram apenas do Everest. Cada alpinista gasta pelo menos US$ 26.700 (R$ 133.270) em uma expedição no Nepal, incluindo taxas de permissão, combustível, alimentação, guias e viagens locais, de acordo com a Reuters.

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