Embaixador responsável pelo clima espera movimento em defesa do meio ambiente na Argentina
Eleição de Javier Milei não afetará posições do país na COP 28, afirma diplomata
O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, André Corrêa do Lago, disse, nesta segunda-feira, esperar que haja um movimento em defesa de medidas para conter as emissões de gases de efeito estufa na Argentina, ao ser perguntado sobre o perfil negacionista do presidente eleito daquele país, o economista da direita radical, Javier Milei. Durante a campanha, Milei declarou que o aquecimento global é "mais uma das mentiras do socialismo", e que o tema se insere em uma agenda de "marxismo cultural".
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— Vamos aguardar, mas eu acredito que a resposta a isso definitivamente é a ciência. Espero que também haja, dentro da Argentina, como há dentro dos Estados Unidos, um movimento muito grande daqueles que realmente conhecem a mudança do clima. Como nós sabemos, a Argentina tem um número extraordinário de cientistas e acadêmicos. Vamos ver se eles têm um debate interno sobre esse tema que leve a um posicionamento que seja construtivo com relação à negociação — afirmou.
Segundo Lago, como a posse de Milei, marcada para 10 de dezembro, acontecerá depois da reunião de chefes de Estado que participação da conferência mundial sobre o clima, a COP 28, em Doha, o futuro governo argentino não terá qualquer influência no evento. O diplomata acredita que, diante dos fenômenos climáticos que atingem todo o mundo, incluindo enchentes e fortes ondas de calor, a visão das novas autoridades da Argentina sobre o assunto possa se adaptar à nova realidade.
— A Argentina é um país com uma economia importante. Nós, vizinhos, estaremos atentos — disse.
Ele ressaltou que, quando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, venceu a eleição em seu país e assumiu uma postura negacionista, o cenário era outro. Hoje, menos de dez anos depois, o debate ganhou força.
— Todos falam sobre mudança do clima de maneira diferente. Há eventos extremos acontecendo em todos os países: no Brasil, na Argentina, nos EUA, no Canadá... É um momento muito diferente do que quando houve um negacionismo acentuado — afirmou.