Emirados Árabes Unidos são processados nos EUA por "obscura" campanha caluniosa
A suposta operação contra o empresário, inicialmente noticiada pelo The New Yorker no ano passado
Os Emirados Árabes Unidos e seu poderoso governante foram processados, nesta quarta-feira (24), em um tribunal de Washington, acusados de bancar uma operação de “obscuras relações públicas” que vinculava falsamente um negociante de petróleo americano ao financiamento de terrorismo.
A ação apresentada por Hazim Nada alega que, desde 2017, os Emirados pagavam à empresa suíça de inteligência privada Alp Services para “prejudicar gravemente” sua reputação e seus negócios em uma ampla campanha caluniosa.
A suposta operação contra o empresário, inicialmente noticiada pelo The New Yorker no ano passado, demonstra o que analistas de segurança chamam de empresas de “desinformação por encomenda”, que espalham falsas narrativas e realizam operações de influência para governos e outros clientes.
Leia também
• UE convida diplomatas de Israel e de países árabes para falar sobre Oriente Médio
• Emirados Árabes Unidos têm que 84 pessoas serão julgadas ordenadas por acusações de "terrorismo"
• Blinken visitará cinco países árabes, Cisjordânia e Israel por conflito em Gaza
Nada processou dezenas de partes, entre elas os Emirados Árabes Unidos, seu presidente, o xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, sua companhia petrolífera nacional Adnoc, funcionários emiradenses e a Alp Services.
Ele reivindica uma indenização por perdas e danos de 2,77 bilhões de dólares (R$ 13,67 bilhões) pela campanha que levou à quebra de sua empresa de comércio de matérias primas Lord Energy, segundo seus advogados.
O processo afirma que os Emirados, junto com a Alp, sediada em Genebra, pagou a “jornalistas” e a um professor da Universidade George Washington, entre outros, para caluniar dezenas de pessoas, incluindo Nada.
A ação judicial se baseia em milhares de documentos obtidos por hackers anônimos dos servidores da Alp Services.
Alega que a empresa suíça entrou em contato com os Emirados Árabes Unidos em 2017, oferecendo-se para usar "comunicações virais ofensivas" para difamar Hazim Nada e dezenas de outras partes consideradas hostis ao Estado do Golfo, rico em petróleo.
O plano era semear dúvidas sobre Nada, nascido no estado americano de Maryland, afirmando que a Lord Energy era uma firma de fachada dos Irmãos Muçulmanos, uma organização islamista sunita fundada no Egito em 1928.
Até o momento, não houve comentários da embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Washington, da Alp Services ou do professor Lorenzo Vidino.