Emissário dos EUA considera que trégua entre Israel e Hezbollah está "ao alcance das mãos"
Israel ampliou o foco das suas operações da Faixa de Gaza para o Líbano em setembro
Uma solução para a guerra entre Israel e o Hezbollah libanês está "ao alcance das mãos", declarou, nesta terça-feira (19), o emissário dos Estados Unidos, Amos Hochstein, que está em Beirute para negociar um plano de trégua bem recebido pelo Líbano.
Os Estados Unidos e a França lideraram os esforços para um cessar-fogo nessa guerra, que se intensificou nos últimos meses após quase um ano de hostilidades entre os dois lados.
Israel ampliou o foco das suas operações da Faixa de Gaza para o Líbano em setembro, procurando garantir a segurança da sua fronteira norte para permitir que milhares de israelenses deslocados pelos combates voltem para casa.
Desde o início dos confrontos, com os ataques do Hezbollah contra Israel, mais de 3.544 pessoas morreram no Líbano, segundo as autoridades daquele país.
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O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) afirma que mais de 200 crianças morreram na guerra entre Israel e o Hezbollah no Líbano em menos de dois meses, uma média de "mais de três" por dia.
Uma fonte libanesa que acompanhou as discussões sobre a trégua disse, nesta terça-feira, que o seu governo "vê muito favoravelmente" o plano apresentado há alguns dias pelos Estados Unidos.
No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou na segunda-feira que Israel continuará realizando operações militares contra o Hezbollah, mesmo que seja alcançado um cessar-fogo.
"Seremos obrigados a garantir nossa segurança no norte (de Israel) e a realizar operações sistemáticas contra os ataques do Hezbollah (...), mesmo após um cessar-fogo", afirmou, para "impedir que o grupo se reconstrua".
Otimista sobre um acordo, Hochstein, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, chegou nesta terça-feira a Beirute.
"Retornei porque temos uma oportunidade real de colocar fim a este conflito", afirmou após se reunir com Nabih Berri, aliado do Hezbollah e encarregado das negociações.
"Ambas as partes devem decidir colocar fim a este conflito", disse. "Agora está ao alcance das mãos", acrescentou.
Mortes no Líbano e na Cisjordânia
O Hezbollah iniciou a sua campanha contra Israel em apoio ao seu aliado palestino Hamas após os ataques de 7 de outubro de 2023, os mais mortais da história de Israel.
A ação do Hamas deixou 1.206 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Os milicianos islamistas também capturaram 251 pessoas durante o ataque, das quais 97 ainda permanecem em Gaza, incluindo 34 que estariam mortas, segundo o exército israelense.
Netanyahu anunciou, nesta terça-feira, que Israel oferece uma recompensa de cinco milhões de dólares (R$ 29 milhões) para qualquer pessoa que liberte um refém ainda mantido em cativeiro em Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde, governado pelo Hamas, 43.972 pessoas morreram na Faixa de Gaza, a maioria civis. A ONU considera esses números confiáveis.
Israel intensificou em setembro os bombardeios no Líbano, principalmente contra redutos do Hezbollah. Nas últimas semanas, atacou regiões de Beirute onde se refugiavam pessoas que fugiram dos principais bastiões do grupo islamista libanês, ao sul da capital.
Israel também enviou tropas para missões terrestres no país vizinho, enquanto o Hezbollah continua lançando projéteis quase todos os dias contra o território israelense.
O exército israelense afirmou nesta terça-feira que cerca de 40 projéteis foram disparados contra o centro e o norte do país, e quatro pessoas ficaram levemente feridas.
O Hezbollah, por sua vez, anunciou que lançou mísseis contra uma base de inteligência militar nos subúrbios de Tel Aviv.
O exército libanês anunciou que três de seus soldados morreram em um bombardeio israelense contra uma de suas posições no sul do Líbano.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que os Estados Unidos compartilharam com Líbano e Israel suas propostas para alcançar um cessar-fogo.
"Houve uma troca de ideias sobre o que acreditamos ser do interesse de todos, que é a aplicação plena da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, e vamos continuar com este processo", disse.
Sob a resolução 1701, que pôs fim à guerra de 2006 entre Hezbollah e Israel, o exército libanês e as forças de paz da ONU devem ser as únicas forças armadas no sul do Líbano, onde o Hezbollah opera. Também pede que Israel retire suas tropas da região.
Uma autoridade libanesa detalhou que a proposta dos Estados Unidos inclui "13 pontos em cinco páginas".
Ela indicou que, se um acordo for alcançado, os Estados Unidos e a França emitirão uma declaração conjunta, seguida de um cessar-fogo de 60 dias, durante o qual o Líbano enviará seu exército para a zona de fronteira com Israel.
Quatro capacetes azuis ficaram feridos na região nesta terça-feira, "provavelmente" por um foguete disparado por "atores não estatais", anunciou a missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Líbano (Unifil).
Israel acusou o Hezbollah de disparar contra duas posições desta missão da ONU.
Em outra frente da guerra, cinco palestinos morreram, nesta terça, em incursões israelenses em Jenin, na Cisjordânia ocupada, informou a Autoridade Palestina, que administra parcialmente o território. O exército israelense confirmou ter matado três homens, que qualificou de "terroristas".