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EXPERIÊNCIA

Emprego dos sonhos? Agência espacial paga R$ 31 mil para quem ficar deitado por 10 dias

Cientistas buscam voluntários para experimento que simula efeito da microgravidade no corpo humano sem sair do colchão

Cientistas buscam voluntários para experimento que simula efeito da microgravidade no corpo humano  sem sair do colchãoCientistas buscam voluntários para experimento que simula efeito da microgravidade no corpo humano sem sair do colchão - Foto: Pexels

Depois de um dia exaustivo, quem não sonhou em ficar na cama por dias, e sem culpa? Agora, imagine se você ainda fosse pago para isso.

Como parte de um estudo pioneiro, a A Agência Espacial Europeia (ESA) começou a recrutar pessoas que aceitem se deitar em um colchão d'água por 10 dias – e, para isso, oferece 5 mil euros, o equivalente a R$ 31,2 mil.

O estudo, batizado de Vivaldi III, busca simular as condições do espaço aqui na Terra. Para isso, os voluntários terão que passara 10 dias imersos em uma cama de água, sem colocar os pés no chão.

O objetivo é nobre: ajudar os cientistas a entender melhor como o corpo humano reage à microgravidade.

A experiência acontece na Clínica Espacial Medes, na França. Apesar de parecer atraente, o conforto da estrutura não é exatamente o mesmo de uma cama.
 



Os participantes ficam imersos em uma espécie de banheira, mas sem entrar em contato direto com a água. Isso acontece porque eles são cobertos por um tecido impermeável, que os mantém secos enquanto ficam suspensos no líquido.

A técnica, conhecida como imersão seca, recria a sensação de ausência de peso e gravidade, fazendo com que o corpo pareça flutuar. Submersos até acima do torso, mas com os braços e a cabeça fora da "água", os participantes experimentam algo próximo ao que os astronautas sentem na Estação Espacial Internacional (ISS).

Os voluntários precisam atender a critérios rigorosos. A ESA busca homens entre 20 e 40 anos, com boa saúde, não fumantes e com um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 20 e 26.

Além disso, é necessário ter entre 1,65 m e 1,80 m de altura, estar em boa forma física e praticar exercícios regularmente. Pessoas com restrições alimentares ou condições médicas que exijam tratamento não podem participar.

Como é o experimento
Durante os 10 dias do estudo, os voluntários precisam permanecer imersos. E não podem passar o dia só "maratonando" séries – eles participam de diversos experimentos médicos conduzidos pelos pesquisadores nesse período.

Durante as refeições, utilizam uma tábua flutuante e um travesseiro de pescoço. Para ir ao banheiro, são temporariamente transferidos para uma maca, mantendo sempre a posição reclinada.

As duas primeiras fases do experimento Vivaldi incluíram um estudo de imersão seca de cinco dias com voluntários homens e mulheres.

“Ao prolongar a duração da imersão seca e compará-la ao repouso inclinado, estamos refinando nosso entendimento de como essas simulações reproduzem a vida no espaço, seus diferentes efeitos fisiológicos e como se complementam”, afirmou Ann-Kathrin Vlacil, líder da equipe de ciências aplicadas à exploração humana da ESA, em comunicado.

Avanços para medicina
Na ausência de gravidade, o corpo dos astronautas passa por diversas mudanças, que incluem perda de massa muscular e densidade óssea.

Com a técnica, os pesquisadores querem medir esse efeito e também impactos como mudanças hormonais, respostas imunológicas e conexões entre os sistemas nervoso e visual.

As campanhas do Vivaldi têm como objetivo mitigar riscos à saúde dos astronautas e desenvolver medidas para garantir a exploração espacial além da Terra.

A Agência Espacial Europeia, no entanto, ressalta que a pesquisa também poderá trazer benefícios para a medicina tradicional.

“Nossas descobertas têm implicações significativas na medicina, especialmente em condições relacionadas ao envelhecimento”, explica Marc-Antoine Custaud, líder das campanhas de repouso e imersão da ESA, da Universidade de Angers, França.

Segundo ele, os resultados do estudo podem ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para pacientes acamados por longos períodos, idosos e pessoas com doenças musculoesqueléticas.

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