Empresa de submarino desaparecido recebeu investimentos de US$ 36 milhões e fez parceria com a Nasa
Companhia já foi avaliada em US$ 60 milhões e firmou parceria com agência espacial americana para desenvolver tecnologia do Titan, que desapareceu no Oceano Atlântico
Os bilionários agora perdidos no Oceano Atlântico, que embarcaram no submersível Titan, da OceanGate, no último domingo, não foram os únicos a apostarem na capacidade da empresa em construir um veículo controlado à distância, feito de titânio e fibra de carbono, que explorasse as profundezas do mar.
Ao longo de uma década, o negócio fundado por Stockton Rush, ex-piloto de aeronaves, recebeu mais de US$ 36 milhões de investidores de risco e chegou a firmar uma parceria com a NASA para desenvolver o veículo que agora está desaparecido.
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O movimento mais recente da empresa para levantar fundos para as empreitadas no oceano profundo aconteceu em 2020, quando a OceanGate conseguiu aprovação para uma linha de empréstimo junto ao Washington Trust Bank. Segundo relatório do PitchBook, ao qual O GLOBO teve acesso, o financiamento aprovado está na faixa de US$ 350 mil a US$ 1 milhão.
A operação de busca pelos cinco tripulantes começou no domingo, depois que o submersível perdeu contato com o navio de controle na superfície. As equipes de resgate, agora, têm até esta quinta-feira para encontrar a tripulação com vida — prazo em que o oxigênio do veículo de 6,7 metros de comprimento deve se esgotar.
Documento que a OceanGate registrou à SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, mostra uma tentativa de levantar US$ 19,3 milhões com investidores em 2020, em um aporte que acabou no valor de US$ 18,1 milhões.
O levantamento da PitchBook, plataforma que monitora investimentos de risco ao redor do mundo, traz mais detalhes das finanças da companhia. Desde que foi fundada, a OceanGate recebeu cinco rodadas de capital, que somam R$ 36,81 milhões. A primeira foi em 2012, três anos depois de ser fundada, no valor de US$ 1,74 milhões.
Parceria com a NASA
Além de investidores de risco, o projeto de OceanGate atraiu a atenção até da agência espacial americana, a NASA. Para desenvolver a tecnologia por trás do Titan, a empresa contou com a colaboração do Marshall Space Flight Center, no Alabama.
Um comunicado da companhia, de fevereiro de 2020, explica que as instalações do laboratório espacial foram usadas para o desenvolvimento e fabricação do casco do submersível desaparecido. O objetivo da NASA, ao colaborar com a empresa, era o de explorar novos materiais que pudessem ser aplicados em explorações espaciais.
A parceria aconteceu por meio do Space Act, lei americana que permite à agência espacial “estimular empresas privadas a desenvolverem sistemas que possam ajudar no transporte de carga e tripulação ao espaço”. Os acordos envolvem a possibilidade das empresas usarem instalações, pessoas e equipamentos da NASA.
Apesar do capital investido para desenvolver a tecnologia do 'Titan' e colaboração da agência espacial na empreitada, a empresa recebeu diversos alertas ao longo dos anos sobre fragilidades de segurança de seus submersíveis. Em 2019, em uma postagem em seu blog, a companhia justificou a falta de padrões claros de segurança para seus veículos afirmando que "a inovação está fora de sistemas já aceitos".