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EDUCAÇÃO

Enare: candidatos denunciam erro após terem notas zeradas na avaliação de currículos

Estudantes alegam que cumpriram todas as exigências do edital e, ainda assim, não pontuaram

EstetoscópioEstetoscópio - Foto: Pixabay

Candidatos que realizaram o Exame Nacional de Residência Médica (Enare) 2025, conhecido como o “Enem dos residentes”, têm relatado inconsistências nos critérios de seleção de profissionais da saúde para vagas de especialização.

De acordo com denúncias compartilhadas nas redes sociais, a banca avaliadora distribuiu notas “zero”, especialmente na etapa de avaliação de currículos e de histórico escolar.

Conforme antecipado pela coluna do Lauro Jardim, no Globo, dos mais de 89 mil inscritos no processo seletivo, cerca de 10 mil zeraram na análise curricular, que corresponde a 10% da nota. Os outros 90% dos pontos vêm da prova de conhecimentos, que foi aplicada em 20 de outubro de 2024.

Um dos principais processos seletivos para profissionais de saúde em formação, o Enare é realizado anualmente desde 2020. A atual edição, que bateu recorde de candidatos inscritos, vai ofertar 8.720 vagas em 163 instituições do país.

Todo o processo seletivo é organizado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

'Futuro prejudicado'
Em um vídeo aflito nas redes sociais, a médica Agatha Soyombo contou que moveu uma ação judicial contra o exame e a banca após suas notas definitivas permanecerem erradas após entrar com um recurso administrativo.

Ela teve seu histórico curricular zerado, mesmo tendo a possibilidade de ter 50 pontos garantidos por ter estudado em universidade pública e ainda um acréscimo por conta de seus projetos de iniciação científica realizados durante a graduação. Ela garante que todos os documentos comprovantes foram enviados dentro do prazo, conforme determinava o edital.

— Em pouquíssimo tempo recebemos esse balde de água fria numa coisa que define o nosso futuro. (Entramos com) ação judicial, liminar, procuramos a ouvidora da Ebserh, mas ninguém se pronunciou — disse a médica.

Agatha integra um grupo de mais de 400 estudantes que passam pela mesma situação. Eles alegam que cumpriram todas as exigências do edital (bom desempenho nas disciplinas ao longo da graduação, presença em congressos e participação em atividades de pesquisa e em estágios, por exemplo) e, ainda assim, não pontuaram. Outros admitem que receberam pontos a mais, de maneira misteriosa, por certificados que sequer apresentaram.

Apesar das contestações e ameaças de judicialização do edital, a Ebserh, responsável pelo exame, disse à coluna do Lauro Jardim, que decidiu manter o resultado e o cronograma estipulado. Os candidatos tiveram até o último dia 23 para recorrer.

Procurada novamente nesta terça-feira, a Ebserh informou ao GLOBO que "imediatamente após tomar conhecimento dos relatos de possíveis inconsistências na análise curricular solicitou apuração da Fundação Getulio Vargas (FGV), empresa responsável pelo exame". Ainda segundo a estatal, "todas as medidas foram adotadas para assegurar a integridade do exame", concluiu a nota.

A FGV, por sua vez, não retornou sobre o caso até a publicação desta reportagem.

Erros sucessivos
Desde o dia 8 de janeiro, data em que a FGV publicou os resultados preliminares das análises de currículos, estudantes relatam que suas notas estão erradas. No dia 10, as instituições realizadoras tornam “sem efeito” o resultado da primeira análise curricular.

Um novo resultado foi divulgado no dia 14, dando a possibilidade aos candidatos de entrarem com recurso em até dois dias após a divulgação. No dia 21, os resultados finais, pós-recurso, foram divulgados e a reclamação permaneceu entre os estudantes que se sentiram lesados por ficarem com nota zero no histórico escolar, sem nenhuma justificativa específica.

A partir desta terça-feira (28), os candidatos do Enare devem usar suas notas finais para se inscrever em opções específicas de residência, nas áreas e hospitais que desejarem. No entanto, com o erro alegado por muitos deles, há a possibilidade de não conseguirem cursar a residência.

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