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Espanha

Enchentes na Espanha deixam quase 100 mortos; inundações devastaram leste do país

Segundo as autoridades, número de vítimas deve aumentar

Carro ficou coberto de lama em uma rua alagada em Alora, perto de Málaga, após temporal atingir o sul da Espanha Carro ficou coberto de lama em uma rua alagada em Alora, perto de Málaga, após temporal atingir o sul da Espanha  - Foto: Jorfe Guerrero/AFP

Quase 100 pessoas morreram em inundações que devastaram principalmente a região espanhola de Valência, um número que deve aumentar, pois ainda há muitos desaparecidos, anunciou o governo nesta quarta-feira.

"O número atualizado é de 92 pessoas mortas na Comunidade Valenciana, duas em Castela-Mancha e mais uma na Andaluzia, um total de 95 pessoas", disse à emissora pública TVE o ministro de Política Territorial, Ángel Victor Torres, ressaltando que os dados são provisórios.

Valência era uma região mais quarta-feira, com estradas destruídas e áreas isoladas e sem serviços de telefonia ou eletricidade, o que gera temores de um número de mortos ainda maior.

"Chove sem parar há 10 horas. Estamos isolados, não é possível acessar parte da cidade. As estradas estão todas cortadas, as pontes estão partidas", disse à AFPTV José Manuel Rellán, um morador da cidade valenciana de Ribarroja del Turia.

O presidente da região de Valência, Carlos Manzón, informou em entrevista coletiva que os serviços de emergência fizeram “200 resgates terrestres” e “70 evacuações aéreas” com helicópteros ao longo do dia, e que, a princípio, não teriam mais pessoas para resgatar de telhados.

Já não restam "núcleos urbanos que nenhum alcance efetivo tenha acesso". À medida que a cobertura telefônica é restaurada, "vão aparecer pessoas cujo paradeiro era desconhecido", informou Manzón.

Emergência
As imagens impactantes registradas mostram enxurradas de água devastando ruas e arrastando automóveis.

A agência meteorológica estatal Aemet registrou "acúmulos extraordinários" de chuva, com alguns municípios recebendo 300 mm de água por metro quadrado em apenas algumas horas, "praticamente o que pode chover em um ano inteiro", disse na rede social X.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que visitará a área afetada nesta quinta-feira, pediu aos moradores que não baixassem a guarda durante uma emergência. "Não vamos deixá-los sozinhos", garantiu.

O governo decretou três dias de luto oficial a partir de amanhã. O transporte ferroviário e aéreo na região continua suspenso e o trem de alta velocidade entre Madri e Valência só voltará a operar na próxima semana, informaram as autoridades.

Tragédia "da qual ninguém tem memória"
O rei Felipe VI expressou sua "tristeza por tantas perdas de vidas humanas", em uma mensagem enviada das Ilhas Canárias.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a "Europa está pronta para ajudar" a Espanha.

"Estamos diante de uma situação inédita, da qual ninguém tem memória", disse o chefe do governo de Valência.

Este é o aspecto meteorológico com o maior número de vítimas na Espanha desde agosto de 1996, quando 86 pessoas morreram durante as chuvas torrenciais que destruíram um camping na província de Huesca.

As pessoas "não sabem o que fazer"
O governo de Valência invejou mais de 1.000 soldados da Unidade Militar de Emergência, especializada em missões de salvamento, para apoiar os serviços de resgate locais e o Exército mobilizou unidades caninas para buscar corpos, necrotérios móveis e psicólogos para atender as vítimas.

Os cientistas alertam para o fato dos extremos meteorológicos, como as ondas de calor e as tempestades, estando se tornando mais intensos devido às mudanças climáticas.

"Esses extremos importantes podem ultrapassar a capacidade de resposta dos planos de emergência existentes, mesmo em um país relativamente rico como a Espanha", disse Leslie Mabon, professora de Sistemas Ambientais na Universidade Aberta da Grã-Bretanha.

O elevado número de mortos sugere que o sistema de alerta de inundações de Valência falhou, segundo Hannah Cloke, professora de Hidrologia na Universidade de Reading.

"As pessoas simplesmente não sabem o que fazer quando são confrontadas com uma inundação ou quando ouvem avisos", afirmou.

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