Itacuruba

Encontro discute construção de usina nuclear em Pernambuco; ministério diz que projeto está parado

A pasta afirmou que não há previsão para construção da unidade industrial

Projeto de Usina Nuclear em Itacuruba, no Sertão de Pernambuco Projeto de Usina Nuclear em Itacuruba, no Sertão de Pernambuco  - Foto: Divulgação

Um encontro virtual de iniciativa do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, discutirá com parlamentares, no Google Meet, às 19h desta quinta-feira (19), o projeto para construção de uma usina nuclear no Sertão de Pernambuco. No entanto, procurado, o Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que não há previsão para construção da unidade industrial.

Com estimativa para ser instalada em Itacuruba, às margens do Rio São Francisco, o projeto para construção da usina, que teria seis reatores, pode custar aos cofres federais um montante de R$ 30 milhões. 

A reportagem buscou o Ministério de Minas e Energia (MME) para saber detalhes sobre a construção da Usina. Em nota, o MME revelou que "atualmente, não existe previsão sobre a construção de novas usinas nucleares em Itacuruba ou outras regiões do país".

Na atual expansão prevista para o setor nuclear, o primeiro passo, segundo a pasta, é concluir Angra 3 e retomar os estudos sob as novas regras internacionais e nacionaus, que consideram a evolução tecnológica e a segurança.

O MME explica que, após anos de estudo para localização de sítios nucleares, pela Eletronuclear (subsidiária da Eletrobrás), várias áreas foram identificadas, entre elas Itacuruba, em Pernambuco. A pasta confirmou, ainda, que os estudos foram paralisados e desde então, nada avançou.

De acordo com a legislação brasileira, entre as exigências para aprovar os locais de futuras usinas nucleares está a avaliação dos estudos técnicos pelo governo e a submissão ao Congresso Nacional, a quem cabe aprovar ou não. 

No entanto, vale lembrar que a Constituição Estadual, no artigo 216, veda a construção de usinas nucleares em Pernambuco: “Fica proibida a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e oriunda de outras fontes”.

Ainda segundo o MME, “a matriz nuclear é relevante porque o Brasil tem abundância de recursos de urânio, o que garante independência de fatores econômicos externos, tornando seu custo competitivo. Não se pode nesse momento (de grandes mudanças climáticas que afetam as matrizes energéticas) deixar de considerar a fonte nuclear como uma opção importante para o país”, afirma nota enviada à reportagem.

Preocupação 
Pelo menos desde o ano passado, a Igreja com apoio dos movimentos sociais, pesquisadores e artistas vêm provocando o debate alertando toda sociedade acerca dos riscos ambientais como a morte do Rio São Francisco e os possíveis vazamentos de radiação, por exemplo. 

A iniciativa do encontro virtual desta quinta, é idealizada, além de Fernando Saburido, em conjunto com o seu bispo auxiliar e presidente da Comissão Regional Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB NE2, dom Limacêdo Antonio da Silva, e com o bispo da Diocese de Floresta (PE), dom Gabriel Marchesi.

A preocupação também gira em torno do impacto social e econômico sobre as comunidades tradicionais que vivem na região. A cidade de Itacuruba, apelidada carinhosamente de “Jardim Sertanejo”, tem pouco mais de 4,8 mil habitantes e fica a aproximadamente 470 km da capital pernambucana. 

Confira a nota na íntegra do MME: 

Atualmente, não existe previsão sobre a construção de novas usinas nucleares em Itacuruba ou outras regiões do país.

O Plano Nacional de Energia 2050 prevê uma expansão na geração elétrica de aproximadamente 70 gigawatts para atender o país nos próximos 30 anos. O plano contempla a geração das diversas matrizes energéticas, com ênfase no crescimento das fontes renováveis e nas de baixa emissão. Nesse contexto, a geração nuclear está incluída para ocupar um valor entre 8 a 10 gigawatts.

Há alguns anos, estudos de localização de sítios nucleares realizados pela Eletronuclear identificaram diversas áreas possíveis, entre elas está Itacuruba, em Pernambuco. Porém, os estudos foram paralisados e nada avançou.

Na atual expansão prevista para o setor nuclear, o primeiro passo é concluir Angra 3 e retomar os estudos sob as novas regras internacionais e nacional, que consideram a evolução tecnológica e a segurança.

Os estudos levam também em consideração os possíveis locais no país que precisam ter energia de base, que independam de situações sazonais, para dar sustentação às redes de consumo e de transmissão. Além disso, devem preencher também requisitos de licenciamento ambiental e nuclear.

De acordo com a legislação brasileira, entre as exigências para aprovar os locais de futuras usinas nucleares está a avaliação dos estudos técnicos pelo governo e a submissão ao Congresso Nacional, a quem cabe aprovar ou não.

O MME está iniciando os estudos para os novos sítios nucleares para geração elétrica e vai destinar uma parcela dos recursos de P&D do setor elétrico para custear os trabalhos.

Várias instituições participam desse empreendimento. A dimensão territorial do Brasil, os grandes centros de consumo, as regiões isoladas são tão diversificadas que esse trabalho vai mobilizar empresas, institutos de pesquisa e universidades.

Além é claro dos órgãos de licenciamento.

A matriz nuclear é relevante porque o Brasil tem abundância de recursos de urânio, o que garante independência de fatores econômicos externos, tornando seu custo competitivo. Não se pode nesse momento (de grandes mudanças climáticas que afetam as matrizes energéticas) deixar de considerar a fonte nuclear como uma opção importante para o país.

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