Encontro virtual entre Biden e Trudeau destaca a 'amizade extraordinária' entre EUA e Canadá
O encontro busca deixar para trás as turbulências vividas durante o governo de Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a amizade entre o Canadá e seu país, na primeira reunião bilateral de seu mandato, um encontro virtual nesta terça-feira (23) com o primeiro-ministro Justin Trudeau, em que buscaram deixar para trás as turbulências vividas durante o governo de Donald Trump.
"Os Estados Unidos não têm nenhum amigo tão próximo quanto o Canadá", disse Biden no início da videoconferência, ressaltando que é por isso que Trudeau também recebeu sua primeira ligação como presidente.
O primeiro-ministro canadense respondeu no mesmo tom, destacando "a extraordinária amizade" que une os países vizinhos.
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Antes da reunião, um alto funcionário dos Estados Unidos explicou que ela serviria como um guia para dinamizar esse vínculo.
A pandemia de covid-19 força Biden a abster-se de viajar ou receber seus colegas, então ele lançou esse formato de reunião, na esperança de poder utilizar suas conhecidas habilidades interpessoais e os laços forjados quando era o vice-presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017.
Biden espera concretizar sua declaração "os Estados Unidos estão de volta", em oposição à política "Estados Unidos em primeiro lugar" de Trump.
- "Práticas econômicas injustas" da China -
Entre os principais temas estiveram a luta contra as mudanças climáticas, a pandemia e a recuperação econômica.
“Dobramos nossos esforços para combater a mudança climática”, declarou o presidente dos EUA, anunciando um fórum de alto nível para coordenar as políticas dos dois países para que possam alcançar a neutralidade das emissões até 2050.
Trudeau agradeceu a Biden por voltar a se engajar na luta contra o aquecimento global, depois que o novo governo norte-americano reverteu a decisão de Trump de se retirar do Acordo de Paris.
"A liderança dos Estados Unidos fez falta", disse o primeiro-ministro, que brincou que agora os EUA não procuram mais retirar qualquer referência à mudança climática de seus comunicados conjuntos e sim procuram mencionar o assunto.
Trudeau evitou falar sobre um ponto de tensão com Washington: a decisão de Biden de cancelar a licença para o oleoduto Keystone XL, um projeto fortemente contestado por ambientalistas, mas apoiado por Ottawa.
Biden rescindiu a autorização com uma ordem executiva expedida em seu primeiro dia de mandato, cumprindo um compromisso de campanha, e “a decisão não será reconsiderada”, segundo seu governo.
Outro item da agenda, de acordo com um alto funcionário dos EUA, são as "práticas econômicas injustas" da China, seu histórico com os direitos humanos e a prisão de dois cidadãos canadenses em Pequim.
O ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor foram detidos na China em 2018 no que foi visto como uma provável retaliação pela prisão da executiva da Huawei Meng Wanzhou no mesmo ano por um mandado emitido pelos Estados Unidos.
"Seres humanos não são moeda de troca", declarou Biden sobre a questão, prometendo que trabalharão juntos pelo retorno dos canadenses.
- Uma nova era -
O novo inquilino da Casa Branca busca evidenciar o vínculo com Trudeau, que tinha uma relação muito tensa com Trump.
O líder canadense irritou Trump durante uma cúpula do G7 em junho de 2018 em Quebec, classificando como "ofensiva" a decisão de Washington de impor tarifas sobre as importações de aço e alumínio de Ottawa. Em retaliação, Trump retirou sua assinatura do comunicado final e chamou Trudeau de "desonesto".
Um ano depois, ele o criticou e o descreveu como "hipócrita" após a transmissão de um vídeo no qual parecia ridicularizar Trump junto a líderes europeus durante uma reunião da OTAN.
Após a chegada de Biden ao poder, Trudeau celebrou “uma nova era” entre os países vizinhos e afirmou que o político democrata está mais alinhado com os “valores dos canadenses”.