Enem 2022

Enem 2022 será o primeiro com aulas totalmente presenciais após a pandemia. Quais os benefícios?

Especialistas e alunos falam sobre as vantagens do ensino presencial

Os estudantes Clóvis Chakrian e Tarsila Alves se preparam nesta reta final para o EnemOs estudantes Clóvis Chakrian e Tarsila Alves se preparam nesta reta final para o Enem - Foto: Melissa Fernande/Folha de Pernambuco

A uma semana do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorre no próximo domingo, 13 de novembro, muitos estudantes estão na expectativa e aguardam ansiosos a chegada do grande dia.

Após dois anos de uma pandemia intensa, com aulas ministradas majoritariamente de forma remota em 2020 e com o ensino híbrido sendo a marca de 2021, este ano, 2022, pode ser considerado o período da retomada, com o ano letivo sendo completamente realizado de forma presencial.

Para os especialistas, essa presença física, lado a lado de professores e colegas de escola, com mais proximidade inclusive para sanar dúvidas, pode configurar, de fato, um importante diferencial na preparação para o Enem, principal porta de entrada para cursos de ensino superior em universidades públicas e institutos federais.

Alunos destacam preferência por ensino presencial - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Como explica a pedagoga Karla Bárbara Albuquerque, coordenadora pedagógica do colégio Saber Viver, no Recife, um dos principais benefícios do modelo presencial é propiciar o foco necessário aos estudos.

“Quando a gente está no on-line a gente requer um poder de concentração muito maior do que quando estamos no presencial porque vários fatores externos estão ali à sua mão e você precisa ter um autocontrole muito grande, porque você pode mexer no celular, você pode estar com qualquer tipo de roupa, você pode estar fazendo três coisas ao mesmo tempo. E o presencial minimiza esse estímulos externos porque o estímulo é somente o colega que está do lado e o professor que está dando aula”, disse.

“Esse contato físico, essa presença física, também é importante. Naquele momento para você tirar suas dúvidas, o professor observa você, não somente numa janelinha, e ele pode fazer essa leitura corporal, muito importante porque consegue perceber se o estudante está disperso ou não”, acrescentou.

Karla Bárbara Albuquerque, pedagoga - Foto: Divulgação

A edição 2022 do Exame Nacional do Ensino Médio, ressalta a pedagoga, marca o retorno ao modelo de ensino presencial, mas também reflete as adaptações surgidas nos últimos dois anos.

“Por mais que o aluno tenha desenvolvido o raciocínio sob a distração das coisas, é o raciocínio mais abstrato e ele ainda precisa vivenciar o concreto. Não é à toa que a gente tem aulas de laboratório, não é à toa que o professor dá exemplos práticos do que acontece na vida para poder facilitar e favorecer a compreensão dos conteúdos. Então, esse Enem é histórico porque ocorre praticamente depois de dois anos de uma pandemia em que houve uma readaptação social e cognitiva e teve que haver uma readaptação curricular e organizacional”, comentou.

Estudante do 3º Ano do Ensino Médio na Escola Técnica Estadual Ginásio Pernambucano, Clóvis Chakrian, de 17 anos, acredita que os estudos teriam sido ainda mais eficazes caso as aulas dos seus 1º e 2º anos também tivessem sido realizadas presencialmente, o que não ocorreu devido à pandemia causada pela Covid-19.

“Eu acho que se a gente tivesse tido os três anos de integral de forma presencial a gente estaria bem mais preparado. É melhor em questão de dúvida, em questão de tempo de aula também, porque no on-line muitas vezes não é o mesmo tempo de aula, e para você tirar as dúvidas muitas vezes você ficava com vergonha. Era péssimo os professores sem ter quadro para usar e tem a questão da internet também, que a conexão caia, atrapalhava, e além disso em casa é muito mais fácil você se distrair”, comentou.

Ter o último ano letivo com aulas 100% presenciais se reflete na confiança do aluno, que busca uma vaga no bacharelado em ciências da computação.

Clóvis Chakrian busca uma vaga no curso de ciências da computação - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

“Nessa reta final, eu estou estudando mais por conta dos pesos, então puxo mais para matemática, português e redação, que são os principais pesos, e aí eu tento resolver bastantes questões e peço ajuda aos professores para conseguir me preparar. Como eu moro perto da escola, também chego mais cedo e sempre que dá eu tiro um tempo a mais para estudar”, destacou.  

Também aluna do 3º Ano do Ensino Médio da ETE Ginásio Pernambucano, Tarsila Alves, de 17 anos, prefere as aulas na escola às ministradas remotamente. Ela lembra que no ano passado as aulas presenciais retornaram no segundo semestre, mas com esquema de rodízio entre os estudantes.

“Eu acho que o ensino presencial facilita bastante, especialmente na questão de foco. Agora, que estamos na reta final, eu estou mais revisando o que é mais importante para a prova mesmo, fórmulas que eu sei que eu vou utilizar. Já comecei a resolver questões, principalmente para exercitar o meu tempo e até para me acostumar com a quantidade de textos também”, comentou a estudante, que  também participa de um curso preparatório particular aos fins de semana e busca uma vaga no curso de licenciatura em química.

Tarsila Alves busca uma vaga no curso de licenciatura em química - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Os dois amigos fizeram o Enem no ano passado, a título de experiência, e confessam que este ano, por de fato agora estarem buscando uma vaga no ensino superior, a pressão autoimposta e a ansiedade estão maiores.

“O 3º ano tem uma pressão maior de todos os lados, da família, da escola, e até minha mesmo porque eu mesma me cobro muito e querendo ou não tem aquela expectativa de tirar uma nota boa”, comentou Tarsila.

“Eu acho que a maior pressão que tenho sou eu comigo mesmo. Fiz a prova ano passado também por experiência, mas esse ano eu acho que a pressão acaba dando um pouco mais de ansiedade”, completou Clóvis.

De acordo com a psicóloga Gabriele Gomes, há dicas e técnicas que podem ser aplicadas pelos candidatos nesses dias que antecedem a prova a fim de diminuir o nervosismo e controlar a ansiedade.

“Faltando poucos dias para a prova, é necessário desacelerar gradativamente a rotina de estudos e procurar realizar atividades que lhe proporcionam prazer e relaxamento. Dedicar momentos a familiares e amigos, descansar, dormir também é fundamental para manter a saúde psíquica. Caso surjam sintomas como taquicardia, sudorese e tremores, o estudante pode praticar a técnica de relaxamento que é bastante utilizada para controle do nervosismo causado pela ansiedade, a respiração diafragmática: inspira todo ar que puder pelo nariz, segura a respiração, conta de 1 a 3 e expira soltando todo ar lentamente. Repete esse processo até sentir melhora nos sintomas”, explicou.

O segundo dia de provas do Enem será no próximo dia 20 e nesse intervalo de uma semana entre as provas os estudantes podem seguir algumas recomendações.

Gabriele Gomes, psicóloga - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

“Não estudar novos conteúdos, reservar um tempo apenas para revisar e deixar espaço para atividades que proporcionam prazer e relaxamento. É importante que no dia anterior ao exame o estudante não faça revisões, dedicando tempo ao descanso, alimentação balanceada e uma boa noite de sono. O estudante precisa ter ciência de que este dia não será o último tampouco definitivo para a sua carreira, é apenas uma etapa”, ressaltou a psicóloga.

Enquanto o exame não chega, as amigas Letícia Moraes e Maria Fernanda Vieira, de 17 anos, alunas do colégio GGE, seguem a preparação revisando os conteúdos e tentando equilibrar os estudos com momentos de lazer e descontração.

“Eu estou revisando, fazendo exercícios sobre os assuntos que mais caem, e tentando relaxar também e descansar. Escolhi estudar todos os dias os assuntos que os professores passavam e no fim de semana eu busco revisar”, comentou Letícia.

Letícia Moares busca uma vaga no curso de medicina - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

As estudantes, que pretendem buscar uma vaga no curso de medicina, também identificam as vantagens do ensino presencial. “Com a volta total este ano depois da pandemia, porque antes dividia entre dois grupos e a gente não se via todos os dias, nem os professores, nem os alunos, eu acho que a gente pôde se adaptar melhor", avaliou Maria.

Ela lembrou que seu desempenho escolar diminuiu nos primeiros meses de pandemia, com o rendimento retornando após os períodos iniciais de adaptação. “Em 2020, no começo, as minhas notas nas primeiras provas foram ótimas. Aí entrou a pandemia e meio que deu uma baixada na nota mas aí foi voltando ao normal”, contou.

Maria Fernanda busca uma vaga no curso de medicina - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Já Letícia reforçou o maior foco presente no ensino presencial. “É outra coisa, a gente está pessoalmente vendo o quadro com o professor na nossa frente, porque quando a gente está remoto, você está na sua cama, está lanchando, sai, volta, mas aqui é diferente. Eu acho que a principal vantagem é a rotina mesmo, você é obrigado a estar nessa rotina, você não está dependendo da sua vontade dentro de casa, onde é mais difícil manter a disciplina”, analisou.

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