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Enem: Pressão familiar pode prejudicar os estudos

Estudantes dizem que a cobrança de familiares por resultados provoca angústia e ansiedade

Nathália Christiny Silva Mendes, 20, contou que diante da tensão, sente no corpo as causas da ansiedadeNathália Christiny Silva Mendes, 20, contou que diante da tensão, sente no corpo as causas da ansiedade - Foto: Julya Caminha/Folha de Pernambuco

Faltando pouco mais de dez dias para o primeiro fim de semana do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é comum que os estudantes relatem a ansiedade vivida nesse período e o estresse causado pela pressão por parte da família e de amigos. Além de problemas emocionais, a angústia pode provocar danos físicos e prejudicar ainda mais os alunos, já preocupados com os rumos de seu futuro profissional. Para eles, o excesso de cobrança funciona mais como um fator negativo do que como um incentivo. Além de estudar, é preciso saber administrar essa pressão. Especialistas recomendam diálogo com os pais e equilíbrio entre aprendizado e lazer para melhorar a concentração e a autoconfiança.

Para o candidato José Humberto da Silva Junior, 19, mesmo com uma rotina extensa, focada nos estudos, a pressão da família é algo que ele não consegue fugir. Há três anos ele tenta passar no curso de direito. “Eu estudo de domingo a domingo, das 7h até a madrugada. Isso tudo porque me cobro e também me sinto pressionado. Meus pais falam o tempo inteiro ‘você tem que passar’, ou ‘eu não vou mais pagar cursinho’, e isso me deixa ainda mais nervoso”, explicou.

Tudo isso faz com que José se sinta esgotado. "A maneira como eles falam faz com que eu acredite que não estudo, como se todo o tempo dedicado fosse sempre insuficiente. E não é assim. Existe todo um desgaste, pois, há três anos abdico do convívio com os meus amigos e próprios familiares para me dedicar a essa exaustiva rotina de estudos. Eu acabo me sentindo sozinho e a família pouco compreende.”

Pressão também é o que predomina no ambiente de estudos de Maria Cecília de Medeiros, 20 anos, que faz cursinho pré-vestibular há três anos e almeja um dos cursos mais disputados, o de medicina. A futura vida acadêmica é sempre o assunto principal das confraternizações familiares. “Minha família não entende o universo do Enem. Minha mãe é a que mais me cobra. Meu irmão fala que eu deveria ter um plano B e que eu tenho que trabalhar logo", afirmou. Além dos parentes, existe ainda a autocobrança. “Estudo muito, mas sempre acho que não é o bastante. Essas últimas semanas estão sendo difíceis. Estou ansiosa e com medo, tomando muito chá de camomila para tentar ficar mais tranquila”, finalizou.

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Nathália Christiny Silva Mendes, 20, também quer cursar Medicina e há três anos faz cursinho preparatório. Ela também já sofreu bastante por conta da pressão familiar. “No começo, os meus familiares queriam que eu mudasse de curso, diziam que medicina é muito difícil. Minha mãe era uma dessas pessoas, mas eu expliquei o quanto quero fazer esse curso e que era muito mais fácil ela e os demais jugarem por estarem fora do processo, do que tentarem entender quem estar dentro”. Nathália contou ainda que diante da tensão, vem sentindo no corpo as causas da ansiedade. “O estresse vem causando marcas na minha pele, além de muita caspa, coisa que eu não tinha antes. Atualmente tenho tomado calmantes naturais para tentar ficar mais tranquila”, afirmou. 

A psicóloga Elizabeth Cavalcanti esclarece que o estresse pode se apresentar de várias formas. Desde queda de cabelo, branco ou apagão na hora da prova, enxaquecas, manchas na pele ou compulsão por comida. “O ideal é que o estudante possa equilibrar o estudo com outras atividades. Ter algum lazer, uma boa alimentação e praticar exercícios físicos e de respiração, que ajudam a reduzir ou até mesmo eliminar o estresse e a ansiedade”, explicou. Ela disse ainda que é muito importante que os estudantes tenham espaço para falar dos próprios sentimentos e que os pais devem estar atentos e esse ponto. “Os exercícios de bioenergética, por exemplo, ajudam as pessoas a entrarem em contato com suas tensões e liberá-las através de movimentos apropriados. Eles ajudam na concentração, na autoconfiança, no autoconhecimento e podem ser feitos em grupo ou individualmente com um psicólogo.

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