Enem usará videoprovas para alunos surdos e deficientes auditivos
Recurso de acessibilidade será utilizado em modo experimental na edição 2017 do exame
Cerca de cinco mil dos 7,6 milhões de inscritos na edição 2017 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são surdos ou deficientes auditivos. Para atender a esse público, este ano será utilizado pela primeira vez um novo sistema de aplicação das provas para esses alunos.
As 180 questões e textos de apoio para a redação serão traduzidos para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), segunda língua oficial do Brasil desde 2002, e exibidas em notebooks disponíveis em salas especialmente preparadas. O Enem será realizado nos domingos 5 e 12 de novembro.
Leia também:
Enem: Em Pernambuco, portões abrem às 11h e fecham às 12h
Saiba o que é obrigatório e o que não pode levar para a prova do Enem
Enem 2017 será aplicado para mais de 370 mil pessoas em PE
Do total de alunos surdos e deficientes auditivos, aproximadamente 1,6 mil solicitaram as videoprovas. O restante usará o método tradicional com intérprete e leitura labial. O novo recurso de acessibilidade contará com salas com capacidade para até 20 alunos e dois profissionais capacitados.
O material será disponibilizado aos participantes em um notebook, assim como a parte escrita com o caderno de questões, folha de redação e gabarito.
O professor Rafael Dias Silva mantém desde agosto uma turma de pré-vestibular para 18 alunos surdos em uma escola estadual da zona leste de São Paulo. Para ele, dar importância à Libras é um passo importante na acessibilidade para esses alunos. “É a primeira vez que o Enem valoriza a Libras, que é a primeira língua dos surdos. A prova é toda elaborada na língua de sinais e essa é a grande diferença para esses alunos, que verão na tela do computador a língua deles”, afirmou.
A expectativa do professor Rafael é para um maior acesso dos surdos e deficientes auditivos ao ensino superior após o uso das videoprovas. “As universidades ganharão mais alunos surdos com o uso desse recurso. As universidades precisarão se organizar e se adaptar para receber esses estudantes”, completou. “Deverão contratar intérpretes e adaptar materiais para esses alunos”, finalizou.
As provas especiais foram elaboradas em parceria do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e professores, pesquisadores e especialistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Um simulado com 60 questões de exames anteriores traduzidas para Libras está disponível no site da UFSC.
Estatísticas
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que existem cerca de 10 milhões de surdos e deficientes auditivos no Brasil. Já as entidades ligadas a essa parcela da população estimam um total de 17 milhões de brasileiros com a deficiência.

.jpg)