Enfermeiros e técnicos fazem protesto no Recife contra suspensão do aumento do piso salarial
A concentração foi na Praça do Derby
Com cartazes e gritos de "ou paga o piso, ou paramos o Brasil", enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e entidades sindicais, realizaram um protesto, nesta sexta-feira (9), no Recife. De acordo com o Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), cerca de 6 mil pessoas participaram do ato.
Os profissionais são contra a suspensão da lei que criou o piso da enfermagem. A decisão foi tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, no último domingo (4). A mobilização desta sexta aconteceu a nível nacional.
Em Pernambuco, o ato foi realizado em cinco municípios: Recife, Caruaru, Arcoverde, Petrolina e Garanhuns.
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No Recife, a concentração foi na Praça do Derby, na área central da cidade. Em seguida, houve uma caminhada pela avenida Agamenon Magalhães, e, depois, os manifestantes, com dois trios elétricos, percorreram o polo médico do bairro dos Coelhos.
Por volta das 12h40, o protesto foi encerrado em frente ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
A presidente em exercício do Sindicato dos Enfermeiros em Pernambuco (Serpe), Joana Darc de Oliveira, afirmou que esse será o primeiro ato de vários caso a suspensão não seja revogada.
"A gente vai provar que a enfermagem está atenta e organizada contra toda e qualquer medida de ataque contra os trabalhadores. Estamos prontos para mostrar que a enfermagem que veio cuidando da população durante toda a pandemia, e desde sempre é a força motriz, é a base do sistema de saúde, tanto do SUS, e do sistema suplementar de saúde, quanto da rede privada, está pronto para vir", explicou.
"A gente dá o sangue da gente, a gente luta muito, trabalha muito, é muita responsabilidade para pouco dinheiro". Esse é o relato da enfermeira e técnica de enfermagem Débora Rocha, que atua na profissão há 20 anos.
"Está todo mundo arrasado, todo mundo em luto, porque a gente não contava com essa. É só o começo, a gente só vai parar quando conseguirmos nosso salário no contracheque. Foram muitos aplausos durante a pandemia, muitos elogios, mas agora na hora de reconhecer nosso esforço, nossa luta, não acontece. A gente se expôs, levou Covid para a família, e nada", acrescentou.
O presidente do Satenpe, Francis Herbert, destacou que a categoria quer que a situação seja resolvida ainda em setembro. Se isso não acontecer, a enfermagem em todo o Brasil irá parar.
"O Brasil inteiro está mobilizado para que a enfermagem consiga reverter o posicionamento do ministro Barroso, concedendo liminar suspendendo o piso por, no mínimo, 60 dias. Hoje nós precisamos desse piso, estamos trabalhando há mais de 2 anos com a pandemia salvando vidas, morrendo e seria injusto deixar desigual uma decisão protegendo empregadores e gestores públicos e deixando a mercê empregados que lutaram tanto nessa pandemia. Nós não vamos esperar 60 dias, queremos resolver isso agora em setembro, caso não a enfermagem vai parar em todo o Brasil", pontuou.
O técnico de enfermagem Bruno de Melo, que exerce a profissão há 6 anos, estava pensando em planos futuros com o dinheiro do novo piso salarial.
"Eu já estava pensando em planos futuros como trocar de carro, casa, mas vamos conseguir nossos direitos. Esse é um momento único e especial, porque foram reunidos hoje muitos técnicos e enfermeiros. Vamos conseguir, mostrando a força da categoria. Se não pagar, para", disse.
Entenda o caso
No dia 4 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma a lei 14.434, que estipula que o piso salarial da categoria no país, que não era estabelecido em âmbito nacional, passa a ser de R$4.750 para o enfermeiros, 70% desse valor para técnicos e 50% para auxiliares e parteiras.
No último domingo (4), o ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o novo piso salarial nacional da enfermagem. A decisão dá um prazo de 60 dias para os entes públicos e privados da área da saúde esclarecerem o impacto financeiro, os riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços. O objetivo é que o novo valor seja sustentável.
Nesta sexta-feira (9), em julgamento no STF, o ministro votou para manter a decisão tomada no domingo.
"A minha posição é que é muito justa a instituição de um piso para enfermagem e para outros profissionais de saúde. Eu estou disposto a viabilizar a concretização desse piso. a minha visão e a de muitos outros é que sem construir uma fonte de custeio seria muito difícil tirar do papel esse piso salarial", afirmou Barroso a jornalistas na quinta-feira (8).