Entenda a importância da inclusão escolar para pessoas com síndrome de Down
No 21º dia do mês de março é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. Para celebrar essa data, a organização Down Syndrome International (DSI), escolheu o tema "O que significa inclusão?" para conscientizar a população. E um ambiente que precisa muito pregar a inclusão é a sala de aula.
A inclusão escolar é garantida pela Lei 13.146, de 06 de julho de 2015, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) diz que é necessário “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania".
De acordo com a psicopedagoga e mestre em educação, Geórgia Feitosa, fortalecer a inclusão de crianças e adolescentes com síndrome de down ou qualquer outra deficiência intelectual em qualquer idade escolar é fundamental e os pais e professores têm papel indispensável nesse processo. “Assim como qualquer outra criança, as portadoras de síndrome de down também devem iniciar a vida escolar ainda pequenas, nos primeiros anos de vida. Mas, infelizmente, não são todas as escolas que estão preparadas para receber este público. Por isso, os pais precisam estar atentos, buscando espaços que ofereçam condições reais de lidar com os desafios impostos pela condição de maneira inclusiva e não discriminatória”, disse.
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Para a publicitária Milena Ribeiro, mãe da pequena Betina Lins de sete anos, que tem síndrome de down, o acompanhamento de um equipe disciplinar tem sido fundamental para o desenvolvimento da filha. “A alfabetização de uma criança com síndrome de down é um processo mais lento, delicado e difícil. Deixa nós pais, mais ansiosos com esse processo delicado, mas o trabalho de profissionais como psicopedagoga, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga tem feito toda a diferença é já mostra os resultados no processo de aprendizagem. É fundamental ter esse acompanhamento”, destaca.
É exatamente nos primeiros anos de vida que as crianças passam a receber os estímulos que irão influenciar no seu desenvolvimento motor e cognitivo futuramente. De acordo com Geórgia, nenhuma criança é igual, todas carecem de atenção personalizada, todas têm suas habilidades e dificuldades a serem trabalhadas. “Do infantil ao ensino médio, o trabalho conjunto entre escola e família pode trazer ganhos muito expressivos para o dia a dia dessas crianças e adolescentes não só no âmbito escolar, mas em todos os campos da sua vida”, esclarece.
Algumas estratégias são importantes nesse processo de inclusão, como a adequação do conteúdo, os estímulos visuais, a fragmentação de conteúdos, as repetições necessárias, e os comandos claros e objetivos. Boa parte das crianças com síndrome de down também possuem Deficiência Intelectual (DI), que podem apresentar um processamento mais lento em atividades voltadas para o raciocínio lógico, linguagem e autonomia. “Com o conhecimento das causas fica muito mais simples trabalhar as soluções. As experiências trocadas, desde os conteúdos apresentados pelos professores até as trocas sociais da hora do lanche, por exemplo, são capazes de gerar integrações e progressos efetivos”, frisa.
“A inclusão de pessoas com síndrome de down não beneficia apenas a eles próprios, mas a todos que estão a sua volta, despertando boas práticas como a empatia, a tolerância e o respeito ao próximo”, finaliza a psicopedagoga.
Entenda o que é a síndrome de Down
Na maior parte da população, o material genético é distribuído em 46 pares de cromossomos, que são estruturas que abrigam o nosso genoma. As pessoas com síndrome de Down, também conhecida como trissomia do cromossomo 21, apresentam três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das suas células.
Segundo o médico geneticista Diogo Soares, trata-se de uma condição bastante frequente, sendo estimado o nascimento uma criança com síndrome de Down a cada 600 e 800 nascimentos, independente de etnia, gênero ou classe social.
"Os indivíduos com a síndrome de Down apresentam alterações faciais características e podem ter anomalias congênitas associadas (sobretudo cardíacas), além de alterações em outros órgãos e sistemas (destacando-se o sistema imunológico)", detalhou o especialista.
Ainda segundo o médico, o diagnóstico da síndrome de Down é essencialmente clínico. "A indicação do exame cariótipo (exame de sangue que possibilita a visualização das estruturas denominadas cromossomos) tem a finalidade de definir qual o mecanismo que ocasionou a síndrome de Down e tem a finalidade principal de aconselhar os pais quanto ao risco de recorrência para futuros filhos", esclarece.
Não existe, cientificamente, nenhuma escala que categorize as pessoas com a síndrome de Down em graus. "As diferenças entre as pessoas com síndrome de Down, tanto do aspecto físico quanto de desenvolvimento, decorrem de intercorrências clínicas, nutrição, estimulação, educação, contexto familiar, social e meio ambiente", finaliza.