Entenda como funcionam os envios de armas e munições dos EUA para Israel
Aliados históricos, países têm acordos anteriores à guerra na Faixa de Gaza que garantiram o envio de equipamentos defensivos e ofensivos ao longo de meses
O presidente dos EUA, Joe Biden, suspendeu o envio de bombas para Israel para evitar que elas sejam usadas no ataque à cidade de Rafah. Autoridades do governo americano disseram que 1.800 bombas de 907kg e 1.700 bombas de 226kg estão sendo retidas e que a administração está revisando se deve bloquear futuras transferências.
Os Estados Unidos são, de longe, o maior fornecedor de armas para Israel, e aceleraram as entregas após os ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro. É difícil determinar exatamente quanto Israel recebeu, mas aqui há uma análise mais detalhada do que se sabe até o momento.
O que aconteceu logo após 7 de outubro?
Desde 7 de outubro, os Estados Unidos enviaram dezenas de milhares de armas para Israel. Em grande parte, aceleraram o fornecimento que já estava comprometido por contratos, muitos dos quais foram aprovados pelo Congresso e pelo Departamento de Estado há muito tempo, de acordo com Bradley Bowman, um especialista militar da Foundation for Defense of Democracies em Washington.
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— O que os EUA começaram a fazer quase imediatamente foi enviar um fluxo extraordinário de armas — disse Bowman, ex-oficial do Exército dos Estados Unidos.
De acordo com um relatório da Foundation for Defense of Democracies, houve tantos envios de armas para Israel que um oficial sênior do Pentágono disse que o Departamento de Defesa às vezes tinha dificuldade em encontrar aeronaves de carga suficientes para entregá-las.
Pete Nguyen, porta-voz do Pentágono, disse em um e-mail que a assistência recente incluiu munições de precisão guiada, munições de artilharia, suprimentos médicos e "outras categorias de equipamentos críticos". Ele acrescentou que "os Estados Unidos aumentaram bilhões de dólares em assistência de segurança para Israel desde os ataques de 7 de outubro".
O que foi foi divulgado publicamente?
Parlamentares e veículos de imprensa recentemente criticaram a falta de informações públicas sobre as vendas de armas. O Departamento de Defesa até agora publicou apenas dois comunicados de imprensa, em 9 e 29 de dezembro, sobre a aprovação de vendas militares de emergência para Israel, enquanto lista grande parte do equipamento militar enviado para a Ucrânia em uma planilha regularmente atualizada.
Conforme estabelecido nesses comunicados de imprensa, a ajuda enviada para Israel de 7 de outubro a 29 de dezembro incluiu 52.229 projéteis de artilharia M795 de 155 milímetros, 30 mil cargas propelentes M4 para obuseiros, 4.792 projéteis de artilharia M107 de 155 mm e 13.981 projéteis de tanque M830A1 de 120 mm.
Mas o Departamento de Estado pode legalmente abster-se de informar ao Congresso e ao público sobre alguns novos pedidos de armas feitos por Israel desde 7 de outubro, pois ficam abaixo de um determinado valor em dólares.
O Washington Post informou que os Estados Unidos aprovaram e entregaram mais de 100 carregamentos de equipamentos militares para Israel desde 7 de outubro.
O que eles enviaram?
Um pacote aprovado no final de outubro permite a venda para Israel de US$ 320 milhões (R$ 1,6 bilhão) em kits para converter bombas burras em munições guiadas por GPS, além de um pedido anterior de US$ 403 milhões (R$ 2 bilhões) para os mesmos kits de orientação.
A Foundation for Defense of Democracies compilou uma lista de relatos de notícias e informações oficiais disponíveis sobre as armas entregues. Segundo os relatórios, as entregas incluíam sistemas de defesa aérea, munições de precisão guiadas, projéteis de artilharia, projéteis de tanque, armas leves, mísseis Hellfire usados por drones, munições de canhão de 30 mm, dispositivos de visão noturna PVS-14 e lançadores de foguetes.
O Pentágono alugou suas duas baterias antimísseis Domo de Ferro, feitas em Israel, às Forças Armadas israelenses, de acordo com o site Breaking Defense.
Os Estados Unidos também deram a Israel acesso aos estoques militares dos EUA em Israel para necessidades imediatas. Um oficial americano disse que as munições recentemente solicitadas por Israel desses estoques incluíram bombas de 113kg a 907kg e que muitas eram bombas de 227 kg.
Como a ajuda é financiada?
A ajuda militar a Israel é financiada por meio de um acordo de 2016 conhecido como memorando de entendimento, que compromete os Estados Unidos a fornecer a Israel US$ 38 bilhões (R$ 195 bilhões) em armas ao longo de 10 anos. Além disso, o presidente Biden assinou, no mês passado, um pacote de ajuda em que se compromete a enviar cerca de US$ 15 bilhões (R$ 77,1 bilhões) em ajuda militar adicional.
Israel regularmente recebe armas do Departamento de Defesa e diretamente de fabricantes de armas americanos, o que inclui as bombas não guiadas e guiadas, compradas ao longo dos anos e lançou em Gaza nos últimos meses, além de caças, mísseis de defesa aérea e helicópteros.
Segundo o Conselho de Relações Exteriores, a ajuda militar dos EUA a Israel totalizou US$ 216 bilhões (R$ 1,1 trilhão) desde a fundação de Israel em 1948.