Entenda o que esperar no 7º dia de conflito entre Israel e Hamas
Reunião do Conselho de Segurança, negociação de resgate de brasileiros em Gaza, 'dia do ódio' convocado pelo Hamas e turnês americana e iraniana pelo Oriente Médio estão entre os principais acontecimentos
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Perto de completar uma semana do ataque terrorista do Hamas contra o território israelense, considerado o pior em 50 anos, os desdobramentos militares, geopolíticos e humanitários da mais recente guerra no Oriente Médio avançam cada vez mais rápido.
Segundo último balanço, ao menos 1,3 mil israelenses e 1,5 mil palestinos morreram desde o início do confronto, no sábado.
Conselho de Segurança se reúne: o Brasil, que ocupa a Presidência rotativa do Conselho na ONU, presidirá a uma reunião em Nova York que discutirá a implementação de um corredor humanitário em Gaza para a retirada das pessoas que querem deixar o território;
Brasil negocia resgates: uma aeronave do governo brasileiro chegará nesta sexta a Roma, onde aguardará a liberação do Egito para buscar brasileiros que estão em Gaza. Em paralelo, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) chegará no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com 60 passageiros que estavam em Israel;
Tragédia em Gaza: a situação humanitária em Gaza se torna cada vez mais desesperadora à medida que o cerco de Israel total continua, apesar dos apelos internacionais e denúncias de crime de guerra. O governo israelense condicionou a abertura de um corredor humanitário ao retorno dos cerca de 150 reféns que estão sob domínio do Hamas;
Hamas convoca 'Dia do ódio': lideranças do Hamas convocaram para esta sexta o chamado "dia do ódio" para mobilizar manifestações maciças em apoio à luta contra Israel na Cisjordânia, em Jerusalém e junto aos árabes da diáspora. Em resposta, o governo israelense pediu alerta ao judeus e que evitem protestos, a UE decidiu fechar as escolas judaicas e os EUA reforçaram a segurança em torno de instituições judaicas;
EUA visita aliados no Oriente Médio: após viajar para Israel na quinta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, embarcou para a Jordânia, na primeira etapa de uma tour que durará até domingo e inclui Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito. O objetivo, segundo o Departamento de Estado americano, é evitar uma escalada do conflito na região;
Irã busca unidade pró-palestina na região: o ministro de Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian, visitou a capital do Iraque na quinta e partirá nesta sexta para Beirute, no Líbano, antes seguir para Damasco, na Síria — duas nações inimigas de Israel.
Negociações brasileiras
Nesta sexta, o Brasil, que ocupa a Presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, presidirá a segunda reunião voltada para tratar do conflito entre Israel e Hamas. O encontro discutirá a implementação de um corredor humanitário em Gaza para a retirada das pessoas que querem deixar o território, incluindo cerca de 20 brasileiros. Como há poucas expectativas de uma resolução durante a sessão na ONU, o Itamaraty e o Palácio do Planalto intensificaram os esforços diplomáticos bilaterais para retirar os brasileiros pela fronteira com o Egito.
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, entrou em contato com a sua contraparte egípcia na quinta-feira para tratar do assunto. Mais tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nas redes sociais que conversou com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e pediu um corredor humanitário ligando a Faixa de Gaza ao Egito.
Um avião modelo VC-2 voou do Brasil em direção a Roma, onde aguardará a liberação de Cairo para buscar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Em paralelo, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) chegará nesta sexta no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com 60 passageiros que estavam em Israel.
Risco de escalada
A situação humanitária em Gaza se torna cada vez mais desesperadora à medida que o tempo passa e o cerco de Israel — que cortou o fornecimento de água, energia, combustível, bem como a entrada de itens essenciais, como alimentos e medicamentos — continua. O governo israelense condicionou a abertura de um corredor humanitário ao retorno dos cerca de 150 reféns que estão sob domínio de combatentes do Hamas. Segundo a ONU, a situação dos hospitais da cidade, que estão funcionando por geradores, põe a vida dos mais de 6,6 mil palestinos feridos e de ao menos 50 mil grávidas em risco.
A tensão também se estende para além da região. Lideranças do Hamas convocaram para esta sexta-feira o chamado "dia do ódio", que está usado para mobilizar manifestações maciças em apoio à luta contra Israel. O grupo convocou jovens palestinos a "se levantarem e saírem em multidões estrondosas", incentivando confrontos com colonos e soldados israelenses na Cisjordânia. Israelenses árabes também foram chamados para se reunirem na mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém.
O Hamas ainda fez um apelo aos palestinos na diáspora, bem como ao "povo livre de nossa nação árabe e islâmica em todo o mundo", para que se reúnam em solidariedade ao grupo terrorista ao redor do mundo. Em resposta, os EUA reforçaram a segurança em instituições e comunidades judaicas no país. Na Europa, as escolas judaicas ficarão fechadas. O governo israelense instou a população a ficar alerta e evitar participar de mobilizações nesta sexta.
Tour geopolítica
Na esfera geopolítica, há duas turnês diplomáticas em curso que podem ajudar definir o futuro do Oriente Médio. Após visitar Israel na quinta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, embarcou para a Jordânia, na primeira etapa de uma tour que durará até domingo e inclui Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito. O objetivo, segundo o Departamento de Estado americano, é evitar uma escalada do conflito na região. O secretário de Defesa americano e chefe do Pentágono, Austin Llyod, também deverá chegar a Israel na sexta.
Quem também saiu para estreitar alianças na região foi o Irã, principal financiador do Hamas. O ministro de Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian, visitou a capital do Iraque na quinta, onde se reuniu com o conselheiro de Segurança Nacional para discutir o recente conflito antes de partir nesta sexta para Beirute, no Líbano, e Damasco, na Síria — duas nações que são alvos frequentes de Israel. Na quinta, Tel Aviv atacou dois aeroportos internacionais sírios, um na capital e outro em Aleppo, provocando críticas do presidente russo Vladimir Putin, que classificou o episódio como uma "grave violação" ao direito internacional.
A viagem do chanceler iraniano ocorre em meio a tensões entre Israel e o movimento islâmico libanês Hezbollah, que é aliado de Damasco e de Teerã, ao longo da fronteira sul do Líbano, e depois de o governo iraniano anunciar que o presidente Ebrahim Raisi pediu que os países árabes e islâmicos cooperem “para acabar com os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida”.
“Hoje, todos os países islâmicos e árabes e todas as pessoas livres do mundo devem alcançar uma convergência e cooperação sérias para parar os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida”, declarou Raisi ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, durante uma ligação na noite de quarta-feira, segundo um comunicado publicado no site da Presidência do Irã.
Além de falar ao telefone com Assad, Raisi também manteve contato com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, no primeiro diálogo entre os dois desde a aproximação mediada em março pela China após sete anos de ruptura, anunciou a imprensa estatal saudita SPA.