Entenda o que provocou trovões e raios em Pernambuco na noite dessa terça-feira (9)
Alta temperatura do oceano e umidade do ar contribuíram
A alta incidência de trovões e raios registrados na noite dessa terça-feira (9), na Região Metropolitana do Recife, chamou a atenção dos pernambucanos, que compartilharam diversos vídeos nas redes sociais.
A meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) Zilurdes Lopes explicou que uma série de fatores gerou os fenômenos na última noite.
"Ultimamente, a gente tem tido muita umidade vinda da área de Zona de Convergência Intertropical e influência desse próprio fenômeno. O oceano está muito quente. Há, também, ocorrência de vórtice [ciclônico] e cavado", informou, detalhando que o cavado contribui para a queda da pressão atmosférica.
Segundo Zilurdes, juntos, esses elementos favorecem a formação de nuvens de desenvolvimento vertical, conhecidas como nuvens cumulonimbus, associadas com a ocorrência de tempestades com raios, trovões, chuvas e ventos fortes.
"Essas nuvens cumulonimbus podem chegar a 18 km de extensão vertical. A temperatura do oceano está acima do normal. Quanto mais o oceano estiver quente, mais vapor, mais umidade ele fornece para a atmosfera. E, quanto mais umidade tiver, mais nuvens a gente vai ter aqui. São vários fatores que ocorrem juntos", detalhou a especialista.
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Nessa terça-feira (9), os maiores acumulados de chuva ocorreram nas cidades de São Benedito do Sul, São José da Coroa Grande e Quipapá, na Mata Sul, que registraram, respectivamente, 127 milímetros, 94 mm e 83 mm.
Devido às fortes chuvas, houve o aumento do nível do Rio Pirangi, em São Benedito do Sul, que atingiu a cota de alerta. Um aviso de possibilidade de inundação foi emitido pela Apac.
Na Região Metropolitana do Recife, o município de Camaragibe acumulou 74 mm; já a capital pernambucana, 56 mm.
"Essa chuva foi devido ao transporte de umidade. A gente teve dois canais de umidade, um do sudeste do oceano e outro vindo da área da Zona de Convergência Intertropical. Do campo do vento, a gente tinha várias perturbações. Em altos níveis, a gente tem um sistema que chamamos de cavado. Ele ajuda a levantar essa umidade. Quando ela sobe, condensa e propicia a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical, que causam pancadas de chuvas fortes. Esse cavado ajudou no transporte verticalmente desse vapor", explicou Zilurdes.