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O Brasil passa fome?

Entenda os critérios que apontam 33 milhões de brasileiros em insegurança alimentar

Novos cruzamentos da pesquisa mostram que a fome é maior nos lares com crianças de até 10 anos

Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Pesquisadores da Rede Penssan, formada por entidades como Ação da Cidadania, Actionaid, Ford Fundation, Vox Populi e Oxfam, visitaram 12.743 domicílios brasileiros entre novembro de 2021 e abril de 2022, em 26 estados e Distrito Federal em 577 municípios, munidos de um questionário com perguntas sobre aquisição e consumo de alimentos. Constataram que a fome atingiu 33 milhões de brasileiros.

O objetivo da pesquisa é avaliar a segurança alimentar das famílias. Pelos dados do levantamento, somente em quatro estados do país: Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mais da metade da população não corre risco de passar fome, tem segurança alimentar.

No Brasil, são 41,3%. Isso significa dizer que tem acesso permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas, como o gasto com moradia.

Para chegar a essa gradação, é considerado o número de resposta afirmativas aos tipos de restrição alimentar, o grau de insegurança vai aumentando até chegar à fome, quando a família diz sim às perguntas "as crianças deixaram de fazer uma refeição por falta de dinheiro ou ficaram um dia sem comer, por falta de dinheiro para comprar comida". Quando falta comida para as crianças, é sinal que a fome já é experiência vívida dentro da casa.
 

São quatro níveis na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) usados nesses tipos de levantamento:

Segurança alimentar: A família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas, como moradia.

Insegurança alimentar leve: Há preocupação ou incerteza se será possível ter acesso a alimentos no futuro. A família acaba contando com uma qualidade inadequada de alimentação para ter quantidade suficiente de comida para todos. Ou seja, troca qualidade por quantidade.

Insegurança alimentar moderada: Em razão da falta de alimentos para fornecer a todos, as famílias reduzem a quantidade de comida ou há uma ruptura no padrão de alimentação, ou seja, na quantidade de refeições por dia, na qualidade do que vai para a mesa.

Insegurança alimentar grave: A família passa fome (sente fome por falta de dinheiro para comprar alimentos, faz apenas uma refeição ao dia ou fica sem comer um dia inteiro).

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