Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar o desmatamento no Brasil
Entre 2013 e 2021, esses quatro grupos fizeram investimentos de cerca de 70 milhões de dólares (aproximadamente R$ 390 milhões) na JBS e na Marfrig
A associação Sherpa apresentou uma denúncia, nesta quarta-feira (8), contra as entidades financeiras francesas BNP Paribas, Credit Agricole, BPCE e Axa por "lavagem de dinheiro e recepção", acusando-as de apoiar empresas responsáveis por "desmatamento ilegal no Brasil", confirmou à AFP o Ministério Público Nacional Financeiro (PNF).
Entre 2013 e 2021, esses quatro grupos fizeram investimentos de cerca de 70 milhões de dólares (aproximadamente R$ 390 milhões) na JBS e na Marfrig, empresas "com antecedentes comprovados de desmatamento ilegal, apropriação de terras de povos indígenas e trabalho imposto em suas cadeias de abastecimento de carne bovina", explicou a associação em um comunicado.
A organização Sherpa assegura contar com o apoio da Harvest, do Center for Climate Crime Analysis, da Repórter Brasil e da Transparência Internacional.
Leia também
• Desmatamento na Amazônia cresceu 51% em setembro; confira a coluna desta terça (17)
• Missa em Aparecida tem sermão contra desmatamento
• Desmatamento na Amazônia caiu 59% em setembro
Segundo a análise da associação, o fato dessas empresas poderem ter recebido lucro com dinheiro proveniente de atividade ilegal e poderem ter colaborado no investimento desses recursos constitui um descumprimento de suas obrigações na luta contra a lavagem de dinheiro.
A Axa afirmou à AFP que o grupo “tem uma das políticas mais estritas” nos temas ambientais e de direitos humanos “e respeita as leis e normas internacionais vigentes”.
Segundo o Sherpa, embora esta denúncia seja uma “novidade” para os bancos, chega em um momento de aumento do número de litígios relacionados com a preservação do planeta.
No começo do ano, o BNP Paribas foi alvo de uma denúncia sobre o mesmo tema no tribunal judicial de Paris, mas com base no fundamento do dever de vigilância.
A lei obriga as multinacionais sedadas na França a elaborar um plano que "inclua medidas de devida diligência para identificar riscos e prevenir graves danos contra os direitos humanos e as liberdades fundamentais, a saúde e a segurança das pessoas e do meio ambiente, decorrentes das atividades da empresa e das empresas que controlam" na França e no exterior.
Esta lei de 2017 ainda não levou a nenhuma notificação e, segundo algumas, há lacunas que comprometem sua verdadeira eficácia.