Foragida

Entregadora agredida por ex-atleta de vôlei possui mandado de prisão por tráfico na Justiça de SP

Mandado em aberto foi expedido em 2019, na cidade de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo, e consta do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP)

Sandra MathiasSandra Mathias - Foto: Reprodução

A entregadora Viviane de Souza, agredida pela ex-atleta Sandra Mathias Correia de Sá, em São Conrado, é foragida da Justiça desde 2017. Viviane possui contra ela um mandado de prisão em aberto pelo crime de tráfico de drogas, expedido pela Justiça de São Paulo.

A entregadora, que é natural da cidade de Conchas, no interior paulista, teve a prisão preventiva decretada em junho de 2017 no município de Laranjal Paulista. O mandado de prisão em aberto contra a entregadora consta no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

— Isso foi uma armação contra mim, não sou traficante, nunca fui. É verdade que já fui usuária de maconha, mas não traficante. Sou honesta, trabalhadora, batalho muito para dar dignidade ao meu filho, convivo em sociedade, sou respeitada. Eu tive cabeça fraca, errei, usei maconha sim, mas nunca me envolvi com tráfico, sou inocente — disse Viviane, por telefone, ao Globo.

De acordo com a entregadora, o caso aconteceu quando ela saiu de sua cidade natal, Conchas, e foi à vizinha Laranjal Paulista comprar a droga, segundo ela, para uso próprio.

— Acabei sendo presa, me levaram para a delegacia. Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas aconteceu. E depois fui liberada — disse.

Diferentemente de Max Ângelo dos Santos, seu colega de profissão, Viviane optou, num primeiro momento, por não apresentar queixa na delegacia contra Sandra Mathias após as agressões terem vindo à tona. A entregadora nega que essa recusa tenha relação com o mandado contra ela. Viviane não falou se pretende ou não se entregar à polícia.

Advogada que defende Viviane no caso das agressões, Prisciany Serra de Souza disse que sua cliente passa por tratamento psicológico e sequer sabia da existência do mandado contra ela o que teria contribuído para agravar seu estado emocional.

— No momento eu não vou dar grandes esclarecimentos até para preservar a Viviane no sentido emocional e psicológico uma vez que ela sequer tinha conhecimento que existisse um mandado de prisão contra ela, um fato de sete anos atrás. Ela está muito abalada psicologicamente, fazendo tratamento psicológico e como se não bastasse tudo o que aconteceu com ela, em relação às agressões sofridas, às injúrias homofóbicas e lesões corporais, ela se deparou com esse mandado. Ela está longe de ser uma traficante — disse Prisciany Serra.

Relembre o Caso
Um grupo de entregadores foi agredido verbal e fisicamente por Sandra Mathias no Domingo de Páscoa, em São Conrado. Os vídeos mostram o momento em ela está passeando com o cachorro e passa por alguns entregadores que trabalham em uma loja do bairro. Ela para e começar a atacar verbalmente o grupo, dizendo para eles "voltarem para a favela". Depois, tira a guia da coleira do cachorro e passa a chicotear as costas de um deles, Max Angelo dos Santos.

Morador da Rocinha, Max Angelo se tornou entregador há um ano e meio, quando perdeu a carteira assinada ao ser demitido de seu antigo emprego. Após a agressão, ele foi à delegacia, prestou depoimento e passou por exames no Instituto Médico Legal, onde foram confirmadas os hematomas causados pela agressão.

— Ela me tratou como se eu fosse escravo. Só que ela está esquecendo que o tempo da escravidão já acabou há muitos anos. E isso não pode acontecer. É inadmissível. Não tem como aceitar uma situação como essa — disse Max Angelo dos Santos, um dos entregadores, ao RJ TV.

Investigação: Defesa de entregador agredido por ex-atleta pede que mais testemunhas prestem depoimento

Também agredida por Sandra, a entregadora Viviane Maria de Souza contou que não revidou as agressões da mulher:

— Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio... E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela.

Segundo o grupo, esta não foi a primeira agressão cometida por ela, que está sendo investigada por injúria por preconceito e lesão corporal. A mulher, que se apresenta como nutricionista nas redes sociais, é aguardada para prestar depoimento na 15ª DP (Gávea), onde a investigação segue em andamento.

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