Equador: 4 mil soldados entram em prisão para render suspeito de mandar assassinar candidato
Alvo da operação é 'Fito', líder da gangue mais poderosa do país e acusado por Fernando Villavicencio, morto na quarta-feira, de tê-lo ameaçado
Cerca de 4 mil membros das Forças Armadas e da Polícia do Equador entraram neste sábado na prisão onde Adolfo Macías, o "Fito", líder da gangue mais poderosa do país e acusado pelo candidato presidencial assassinado Fernando Villavicencio de tê-lo ameaçado, está detido, informaram as autoridades.
Os homens uniformizados entraram de madrugada, fortemente armados e em veículos militares blindados, no Centro Zonal de Privação de Liberdade Número 8 em Guayaquil, sudoeste do Equador, onde José Adolfo Macías, chefe do grupo criminoso Los Choneros, está preso.
Nas imagens compartilhadas nas redes sociais pelas forças de segurança, aparece um homem corpulento e barbudo. A autoridade penitenciária SNAI confirmou à AFP que ele é Fito, preso desde 2011.
Leia também
• Líder de gangue que ameaçou candidato morto no Equador é transferido de presídio
• Companheira de chapa de candidato assassinado disputará Presidência do Equador
• Como o Equador se tornou um dos países mais violentos da América Latina?
Em uma foto, ele aparece de frente com as mãos na cabeça, e em outras está deitado no chão com os braços amarrados e de cueca, ao lado de dezenas de prisioneiros.
De acordo com o SNAI, a operação "foi realizada (...) com o objetivo de intervir nas alas de segurança mínima, média e máxima" da penitenciária, de acordo com as disposições de um estado de emergência nas prisões do país que começou no final de julho após um massacre.
O nome de Fito tem sido notícia no Equador desde quarta-feira, após a morte a tiros do candidato presidencial centrista Fernando Villavicencio em Quito, que estava entre quarto e quinto lugar nas pesquisas — em uma, também aparecia em segundo.
O político de 59 anos havia relatado, uma semana antes, que o líder da gangue o havia ameaçado de morte. Um dos avisos, segundo ele, veio de um aliado político na província litorânea de Manabí, onde fica a cidade de Chone, onde a gangue nasceu.
Um "emissário do vulgo Fito" entrou em contato com ele, explicou Villavicencio. Foi "para lhe dizer que se eu continuar (...) mencionando Los Choneros, eles vão me matar", contou ao programa Vis a Vis. Fito foi condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, tráfico de drogas e assassinato.
Ex-jornalista e congressista, Villavicencio tornou-se um incômodo para gangues e traficantes de drogas por suas investigações.
As autoridades não esclareceram quem pagou os assassinos que o mataram. Seis colombianos foram presos no caso, e um sétimo foi morto em um tiroteio com os guarda-costas do candidato.
O presidente Guillermo Lasso limitou-se a dizer que Villavicencio foi vítima do crime organizado. As prisões se tornaram o centro de operações dos traficantes de drogas no Equador. Desde 2021, mais de 430 detentos tiveram mortes violentas, dezenas deles desmembrados e queimados em meio a disputas entre gangues rivais.