COLABORAÇÃO INTERNACIONAL

Equador tenta localizar líder de facção com ajuda internacional; Colômbia investiga possível fuga

Líder dos Choneros, José Adolfo Macias, o Fito, mantém-se fora do alcance das autoridades e é caçado dos dois lados da fronteira por Quito e Bogotá

Imagem divulgada pelas Forças Armadas do Equador mostra Fito sendo retirado da prisão em Guayaquil Imagem divulgada pelas Forças Armadas do Equador mostra Fito sendo retirado da prisão em Guayaquil  - Foto: Forças Armadas do Equador/ AFP

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que a crise de segurança no país em meio à guerra com as facções criminosas ligadas ao narcotráfico é um problema internacional. Em um momento em que as forças de segurança equatorianas continuam as buscas por fugitivos, sobretudo por José Adolfo Macias — conhecido por Fito, líder dos Choneros, principal organização criminosa no país — autoridades da Colômbia indicaram que trabalham com a possibilidade do criminoso ter cruzado a fronteira, e acompanham o desenrolar da situação de perto.

Noboa conversou com exclusividade com a rede britânica BBC em sua primeira visita à Guayaquil, uma das cidades mais importantes do Equador e epicentro da crise na sexta-feira. O presidente de 36 anos enfrenta sua primeira crise à frente do governo, e apontou que a ajuda internacional é vital para superar à onda de violência e a atuação dos grupos criminosos.

"É encorajador ver a comunidade internacional realmente prestando atenção ao que está acontecendo aqui. Isso afeta o mundo inteiro: os narcoterroristas que operam aqui têm operações na Europa, nos EUA”, disse o presidente na entrevista. "Precisamos resolver o problema pela raiz, e a raiz do problema está aqui.”

Países da região, como Argentina, Colômbia e Brasil ofereceram o envio de ajuda para que o Equador solucione a crise interna, enquanto os EUA anunciaram o envio da chefe do Comando Sul, general Laura Richardson, e altos funcionários antinarcóticos e diplomáticos ao país para aconselhar Noboa.

Cercado por Peru e Colômbia, dois dos maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador passou por uma deterioração severa nos últimos anos. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes saltou de 6 para 46 em cinco anos, a medida que grupos armados disputam território e as operações de envios de droga para Europa e EUA. Assim como o contexto mais amplo, a crise atual também se transformou em uma preocupação regional pela fuga de líderes do narcotráfico, em meio ao caos e a repressão do governo.

Em uma entrevista à W Radio, na sexta-feira, o comandante das Forças Militares da Colômbia, Helder Giraldo, afirmou que as autoridades do país acreditam que Fito possa ter cruzado a fronteira norte.

— Há 20 fugitivos (de prisões equatorianas) aos quais estamos muito atentos — disse Giraldo. — Existe uma alta probabilidade [de que a crise no Equador] deteriore as condições de segurança na fronteira com a Colômbia.

Em meio ao cenário de medo provocado pela reação das facções criminosas ao decreto de estado de "Conflito Armado Interno" assinado por Noboa — 18 pessoas morreram em cinco dias e 175 agentes penitenciários são feitos reféns, segundo agências de notícia internacionais — as forças de segurança do Equador determinaram um toque de recolher e intensificaram as buscas por criminosos foragidos nos horários restritos à população geral. Até o momento, não há nenhum sinal de Fito.

"Neste momento, estamos à procura dele. Temos algumas pistas que estamos seguindo com as forças armadas e com cooperação internacional", disse Noboa à BBC, afirmando que o paradeiro do narcotraficante ainda é desconhecido.

Segundo dados oficiais recentes, há 859 detidos desde o início da onda de violência, 57 "sequestrados" libertados, 25 fugitivos recapturados, 5 "terroristas" abatidos, além dos 18 mortos entre civis, policiais e prisioneiros. (Com AFP)

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