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Tratado do Atlântico Norte

Erdogan volta a ameaçar Suécia e Finlândia com bloqueio a ingresso na Otan

Nesta quinta, o presidente turco falou pela primeira vez desde a surpreendente assinatura do acordo e apresentou suas condições

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discursa a representantes da mídia durante uma coletiva de imprensa na cúpula da OTAN no centro de congressos Ifema em Madri, em 30 de junho de 2022O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discursa a representantes da mídia durante uma coletiva de imprensa na cúpula da OTAN no centro de congressos Ifema em Madri, em 30 de junho de 2022 - Foto: Gabriel Bouys / AFP

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou a ameaçar nesta quinta-feira (30) a Suécia e a Finlândia com um bloqueio à adesão dos dois países à Otan menos de 48 horas depois do acordo entre os três países.

Desde meados de maio, Ancara bloqueia o processo de adesão dos dois países, acusando-os de proteger combatentes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que considera organizações terroristas.

Mas na noite de terça, os governos de Turquia, Suécia e Finlândia assinaram um memorando de entendimento abrindo o caminho dos países nórdicos à Aliança Atlântica.

Nesta quinta, o presidente turco falou pela primeira vez desde a surpreendente assinatura do acordo e apresentou suas condições. 

"Se cumprirem com seu dever, apresentaremos (o memorando) no Parlamento" para sua aprovação. "Se não o fizerem, é impossível para nós enviá-lo ao Parlamento", advertiu.

Erdogan se referiu a uma "promessa feita pela Suécia", relativa à extradição de "73 terroristas". 

"Vão devolvê-los, o prometeram. Está nos documentos escritos. Vão cumprir sua promessa", acrescentou sem entrar em detalhes.

Na noite desta quinta, o governo sueco lembrou que suas decisões em matéria de extradição eram submetidas a uma justiça "independente".

"Na Suécia, a lei sueca se aplica com tribunais independentes", afirmou em declaração por escrito enviada à AFP o ministro da Justiça, Morgan Johansson. 

"Pessoas não suecas podem ser extraditadas a pedido de outros países, mas só se isto for compatível com a lei sueca e a Convenção Europeia no tema da extradição", acrescentou.

O chefe de Estado turco também pediu a Finlândia e Suécia para "completarem suas leis" sobre a presença em seu território de membros do PKK e das YPG, que operam nas fronteiras da Turquia no norte do Iraque e da Síria.

"O importante é que sejam cumpridas as promessas feitas à Turquia", insistiu. 

Segundo o memorando assinado na terça-feira, a Turquia suspende o veto à adesão dos dois países nórdicos à Otan em troca de sua cooperação contra os membros dos movimentos curdos afetados. 

No dia seguinte, Ancara exigiu a Suécia e Finlândia a extradição de 33 "terroristas".

Todos são membros do PKK, considerado como organização terrorista por Ancara e seus aliados ocidentais ou do movimento fundado pelo pregador Fethullah Gülen, a quem Erdogan acusa de ter instigado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016. 

"Todos estos casos já se solucionaram na Finlândia", comentou o presidente finlandês, Sauli Niinistö, e o ministério da Justiça finlandês informou que "não recebeu novas solicitações de extradição da Turquia nos últimos dias". 

A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, prometeu nesta quarta para "cooperar mais estreitamente com a Turquia em relação às listas de (combatentes) do PKK".

"Mas, obviamente, continuamos respeitando a lei sueca e o direito internacional", acrescentou em mensagem publicada no Instagram.

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