Escândalo sexual causa renuncia de líder da Igreja Protestante, na Alemanha
Pastora Annette Kurschus foi acusada de acobertar denúncias de abuso sexual contra ex-colega da Igreja
Líder da Igreja Protestante alemã, Annette Kurschus anunciou nesta segunda-feira (20) a sua renúncia, "para evitar danos" à instituição. A religiosa é suspeita de acobertar casos de abusos sexuais.
Segundo o jornal alemão Siegener Zeitung, Kurschus, ela foi informada na década de 1990 sobre acusações de abusos contra um ex-colega do distrito eclesiástico de Siegen, mas não tomou nenhuma medida. O homem está sendo investigado pela polícia.
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A teóloga indicou que sabia "da homossexualidade" do acusado, que é casado com uma mulher, e que estava ciente "das suas infidelidades". Na época dos fatos, Kurschus era pastora em Siegen.
"As suspeitas recaem sobre um homem de cuja família sou amiga há muito tempo", declarou durante uma coletiva de imprensa em Bielefeld. Ela negou ter conhecimento dos abusos.
"É ainda mais amargo porque nunca, e enfatizo, nunca tive a intenção de fugir à minha responsabilidade, ocultar fatos importantes, encobrir fatos ou mesmo encobrir uma pessoa acusada", insistiu.
Segundo a imprensa alemã, a pastora foi informada das acusações contra o religioso por quatro pessoas, entre elas, uma das vítimas.
Redução do número de fiéis
Annette Kurschus é a segunda mulher a ocupar o cargo de líder da Igreja Protestante alemã. Com 20 milhões de fiéis, a Igreja Protestante é a segunda mais popular da Alemanha, atrás dos católicos, que acumula cerca de 22 milhões de seguidores.
É estimado que, entre 1946 e 2014, mais de mil clérigos católicos alemães cometeram algum tipo de agressão sexual a 3.677 menores. Os dados são de um estudo encomendado pela Conferência Episcopal Alemã em 2018. Devido a subnotificação dos casos, o número real de vítimas deve ser muito maior.
Em 2020, as indenizações da Igreja Católica para as vítimas de abusos na Alemanha chegavam até 50 mil euros (ou R$ 265.840 na cotação atual). Pagamentos no valor de 28 milhões de euros (R$ 148,9 milhões) foram aprovados no ano passado.
Em junho, a Arquidiocese de Colônia foi condenada a pagar uma indenização de 300 mil euros (aproximadamente R$ 1,5 milhão) a um homem que sofreu mais de 300 abusos sexuais de um padre católico nos anos 1970.
No Brasil, a maior parte da população se declara cristã. Um levantamento do Datafolha de 2022 apontou que 51% dos brasileiros são católicos, contra 26% evangélicos.