Escola indígena é alvo de incêndio em Águas Belas, no Agreste
Livros, mesas, estantes, arquivos e material de apoio escolar foram salvos por moradores da área que correram risco de vida para salvar uma parte da unidade escolar
Em plena pandemia, com suspensão das aulas e trabalho remoto, uma escola indígena na aldeia Fulni-Ô, no município de Águas Belas, no Agreste pernambucano, foi alvo de um incêndio. Na última semana, a Escola Estadual Indígena Marechal Rondon teve salas invadidas pelo fogo. Livros, mesas, estantes, arquivos e material de apoio escolar foram salvos por moradores da área que correram risco de vida para salvar uma parte da unidade escolar. O incêndio tem indícios de crime, inclusive por conta um recado deixado para a comunidade na parede da escola "Vão tudo tomar no c*".
"Um dia antes do incêndio teve uma reunião para entregar as atividades aos pais, para as crianças que não estavam participando das aulas pela internet", informou um funcionário da escola. De acordo com o trabalhador, a escola não tem vigilante e foi socorrida pelos próprios moradores.
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A unidade escolar é de responsabilidade da gestão Estadual. De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, o incêndio na Escola Estadual Indígena Marechal Rondon, em Águas Belas, ocorreu no último 8 de agosto. A gestão da unidade escolar registrou boletim de ocorrência e acionou as polícias civil e militar para apuração do caso.
A comunidade passa por um momento de "racha", de acordo com o funcionário. Ele informou que, durante o período de retiro religioso da aldeia, o Ouricuri, do ano passado, a comunidade sofreu ataques de vandalismo. No Ouricuri os Fulni-Ô passam três meses longe de suas casas. "Quando as pessoas voltavam um dia, durante o retiro, para comprar algum alimento ou pegar algo nas suas casas, encontravam casas com portas arrombadas, coisas roubadas, algumas com fezes espalhadas dentro de casa, tudo por puro vandalismo mesmo", informou.
De acordo com o funcionário, há uma tensão local sobre a gestão da escola, que atualmente é da gestão estadual. "Queriam intervir e mudar a coordenação da escola para atingir as lideranças tradicionais, mas não conseguiram", contou.
A investigação está sendo feita e a perícia já foi ao local para apurar a situação. Os moradores que apagaram o fogo foram convocados pela Polícia Civil para depoimentos. "Acordaram a gente de madrugada, o fogo já estava alastrado, tinham alguns vizinhos apagando com balde, com mangueira, não teve bombeiro. A gente fez isso sabendo que não era nem pra fazer, por conta de mexer no cenário do crime, mas se a gente não fizesse isso ia prejudicar muito mais coisas na escola, tentamos minimizar a situação", relatou o funcionário da escola que ajudou a apagar o fogo.