Espanha aprova pacote de medidas de 2 bilhões contra seca
De acordo com a ONU, 75% do país corre risco de desertificação
O governo espanhol anunciou nesta quinta-feira (11) um pacote de medidas de quase 2,2 bilhões de euros (em torno de US$ 2,4 bilhões, ou de quase R$ 11,8 bilhões) para combater a intensa seca no país e seu impacto no setor produtivo.
Do total de 2,19 bilhões de euros, pelo menos 1,4 bilhão de euros serão destinados, principalmente, para aumentar a disponibilidade de água, e outros 780 milhões de euros, para ajudar agricultores e pecuaristas, informou o governo, no momento em que o país atravessa uma de suas piores secas.
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O pacote "visa a adotar medidas urgentes em matéria agrária e hídrica e em resposta ao agravamento das condições do setor primário, decorrente do conflito bélico na Ucrânia e pela seca", afirmou a porta-voz do governo, Isabel Rodríguez, em uma coletiva de imprensa após um conselho de ministros extraordinária.
O investimento para aumentar o acesso à água será destinado tanto para construir novas infraestruturas, como estações de dessalinização, quanto para duplicar a reutilização das águas urbanas. Ao mesmo tempo, custeará a redução das tarifas pagas pelos produtores para terem acesso à água.
A ajuda aos agricultores será dedicada, sobretudo, no subsídio de até 70% do custo dos seguros pela seca. Neste ano, os danos por falta de água nas plantações estão estimados em mais de 300 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão), disse o ministro da Agricultura, Luís Planas.
O governo de Pedro Sánchez fez esses anúncios poucas horas antes do início da campanha para as eleições municipais e regionais em 28 de maio. O impacto da seca e a disponibilidade de água no país estão entre os principais temas da atual corrida eleitoral.
O líder da oposição (direita), Alberto Núñez Feijóo, acusou Sánchez de querer "enganar" os produtores antes das eleições, depois de sua "negligência" para enfrentar a seca até agora.
Este foi o primeiro quadrimestre do ano "mais seco" desde que os registros começaram a ser feitos em 1961, com menos da metade das chuvas habituais para a época, segundo uma mensagem do porta-voz da Agência Estatal de Meteorologia, Rubén del Campo, para a imprensa.
Dados do Ministério da Transição Ecológica indicam que os reservatórios do país – que armazenam a água da chuva para aproveitá-la nos meses mais secos – operam, no momento, com 48,9% de sua capacidade.
País europeu na linha da frente contra a mudança climática, a Espanha vive, há vários anos, uma multiplicação das ondas de calor, com chuvas cada vez mais escassas e irregulares. De acordo com a ONU, 75% do país corre risco de desertificação.