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Espanha cancela prêmio nacional de touradas em sinal de mudança cultural

Medida irritou apoiadores do espetáculo, mas foi bem-recebida por grupos de direitos dos animais; valor concedido aos ganhadores da tourada chegava a R$ 163 mil

Homem escapa após tentar pegar atributos de um touro durante uma corsa camarguenca, um esporte tradicional nas arenas da FrançaHomem escapa após tentar pegar atributos de um touro durante uma corsa camarguenca, um esporte tradicional nas arenas da França - Foto: Pascal Guyot/AFP

O governo da Espanha anunciou, nesta sexta-feira (3), que iria abolir um prêmio nacional para a tourada. A medida que irritou os apoiadores do espetáculo controverso, mas foi bem-recebida por grupos de direitos dos animais.

O prêmio anual, criado em 2011, foi concedido pela primeira vez em 2013 e oferece o prêmio de 30 mil euros (R$ 163 mil) aos vencedores.

"Uma maioria crescente" dos espanhóis está preocupada com o bem-estar animal, então "não achamos apropriado manter um prêmio que recompensa uma forma de abuso animal", disse o ministro da Cultura, Ernest Urtasun, em entrevista à La Sexta, uma rede de televisão local.

Ele afirmou que acredita que a população não compreenda como essas "formas de tortura animal" são "recompensadas com medalhas que vêm com prêmios em dinheiro usando recursos públicos".

Principais toureiros, como Enrique Ponz e Julian Lopez, conhecido como "El Juli", já ganharam o prêmio no passado. A tourada mantém um seguimento apaixonado em alguns círculos na Espanha, e os toureiros mais famosos são tratados como celebridades. Apesar disso, o apelo em massa da prática diminuiu, e pesquisas mostram um crescente desinteresse em todo o país, especialmente entre os jovens.

Durante a temporada 2021-22, o último período para o qual há dados disponíveis, apenas 1,9% da população da Espanha assistiu a uma tourada, segundo o Ministério da Cultura.

O principal partido de oposição conservador, o Partido Popular (PP), prometeu reintegrar o prêmio se retornar ao poder. O porta-voz do PP, Boja Semper, disse que a tourada era um reflexo das tradições e cultura da Espanha e acusou o governo socialista do primeiro-ministro Pedro Sánchez de estar "obcecado em cutucar o olho daqueles que não pensam" como ele.

Por outro lado, o partido de direitos dos animais PACMA pediu a "abolição total" de todo o apoio público à tourada, dizendo que isso "não pode ser justificado sob nenhuma circunstância". Vários governos regionais, incluindo um liderado pelos socialistas, disseram que criariam seus próprios prêmios de tourada para substituir o que está sendo abolido.

A Fundación del Toro de Lidia, uma ONG que promove a tourada na Espanha, disse que o ministro da Cultura tinha a "obrigação de promover todas as manifestações culturais, incluindo a tourada". Mas grupos de direitos dos animais receberam com satisfação a decisão do governo. "Esta medida marca um marco na luta contra a tourada, uma prática controversa que gerou debate há anos", disse o grupo de direitos dos animais Animanaturalis.

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