Espanha

Espanha nega envolvimento em suposta conspiração contra Maduro e cobra informações de presos

Prisão acontece em meio à crise diplomática entre Madri e Caracas; Chancelaria tcheca também pediu detalhes sobre nacional detido pelo regime chavista junto com espanhóis e americanos

Transmissão do canal de televisão estatal Venezolana de Televisión (VTV), onde os cidadãos espanhóis José María Basoa e Andrés Martínez Adasne são vistos segurando uma folha com seus dados de identificação, em CaracasTransmissão do canal de televisão estatal Venezolana de Televisión (VTV), onde os cidadãos espanhóis José María Basoa e Andrés Martínez Adasne são vistos segurando uma folha com seus dados de identificação, em Caracas - Foto: Reprodução/El País

A Espanha pediu à Venezuela, nesta segunda-feira, "informações oficiais e verificadas" sobre os dois espanhóis detidos sob a acusação de estarem vinculados a uma suposta conspiração contra o presidente Nicolás Maduro para "desestabilizar" o país sul-americano.

A prisão foi anunciada no sábado pelo ministro do Interior e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, em meio à crise instaurada após a contestada reeleição de Maduro em 28 de julho.

Além dos espanhóis, três cidadãos americanos e um tcheco foram alvos da operação.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores espanhol informou que "segue solicitando às autoridades venezuelanas informações oficiais e verificadas sobre a detenção de dois espanhóis, assim como uma clarificação das acusações que lhes são imputadas", acrescendo que está em contato com a Chancelaria venezuelana e "exercerá a proteção diplomática e consular de seus nacionais".

A República Tcheca também solicitou "informações detalhadas sobre o caso e contato consular" através da sua sede diplomática em Bogotá, responsável pelas relações com diversos país latino-americanos.

"A embaixada tcheca em Bogotá enviou uma nota ao Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em relação à detenção do cidadão tcheco", disse em um comunicado a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mariana Wernerova.

"Nossos diplomatas estão em contato com colegas dos Estados Unidos e do Ministério das Relações Exteriores espanhol", precisou a nota do governo tcheco.

Os presos foram identificados como José María Basoa e Andrés Martínez Adasme, da Espanha, o tcheco Jan Darmovrzal e os americanos Estrella David, Aaron Barren Logan e Wilbert Josep Castañeda, este último um militar acusado de liderar a conspiração.

Segundo o ministro venezuelano, mais de 400 fuzis destinados a "atos terroristas" foram apreendidos.

No domingo, a Espanha negou "veementemente qualquer insinuação de estar implicada em uma operação de desestabilização política na Venezuela" e desmentiu que os dois espanhóis detidos façam parte da agência de espionagem espanhola CNI ou de "outro organismo estatal".

Washington também negou categoricamente qualquer relação com a conspiração denunciada por Cabello.

Na semana passada, o governo americano impôs sanções a 16 funcionários ligados ao chavismo, entre ministros do Supremo a comandantes de forças de segurança, por suposta colaboração para a "fraude" no processo eleitoral.

As prisões ocorreram em meio ao aumento das tensões entre a Venezuela e os governos dos Estados Unidos e da Espanha devido às controversas eleições de 28 de julho

.O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou a vitória do chavista por 51%, mas não mostrou os boletins das urnas que comprovariam o resultado alegando ter sido vítima de um ataque hacker.

A oposição, liderada pela ex-deputada María Corina Machado, publicou em um site mais de 80% das supostas atas as quais tiveram acesso que atestariam, por meio de estimativas feitas por acadêmicos de diferentes países, a eleição do candidato opositor Edmundo González Urrutia por 67%.

Ciência em fuga: Pesquisadores deixam Venezuela por falta de investimentos e perda de liberdade acadêmica

A tensão entre Madri e Caracas escalou nos últimos dias após a chegada de González Urrutia à Espanha no dia 8 de setembro para pedir asilo, após passar um mês na clandestinidade na Venezuela, onde é alvo de um mandado de prisão pela Justiça, aparelhada pelo chavismo.

Em resposta, a Venezuela chamou sua embaixadora em Madri para consultas e convocou o embaixador espanhol em Caracas para protestar contra os questionamentos levantados sobre a reeleição de Maduro.

Relembre: Outros opositores de Nicolás Maduro que já fugiram da Venezuela

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, recebeu González Urrutia no palácio de La Moncloa, a residência oficial, na quinta-feira passada. O governo do país europeu tem sido cauteloso em considerar a vitória do opositor, acompanhando a postura da União Europeia, embora membros do Gabinete de Sánchez já tenham manifestado opiniões duras contra o regime chavista.

No entanto, na esteira da ida de González ao país, o Parlamento espanhol aprovou uma medida, sem caráter vinculativo, pedindo ao governo que o reconheça como vencedor do pleito.

Em resposta, o presidente do Parlamento venezolano, Jorge Rodríguez, propôs a ruptura de relações diplomáticas, consulares e comerciais.

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