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Hackathon Recife

Especialistas percorrem trecho do Rio Tejipió para avaliar alagamentos que atingem o Recife

A iniciativa busca analisar os principais gargalos referentes às inundações que acometem a capital pernambucana em períodos chuvosos

Missão holandesa visita bacia do rio Tejipio. Na foto, holandeses visitando o cruzamento das Av Recife e Dom Helder, em AreiasMissão holandesa visita bacia do rio Tejipio. Na foto, holandeses visitando o cruzamento das Av Recife e Dom Helder, em Areias - Foto: Arthur Mota / Folha de Pernambuco

Um grupo de engenheiros e especialistas holandeses e brasileiros, juntamente com equipes da Prefeitura do Recife, visita pontos críticos da bacia do Rio Tejipió na manhã desta quarta-feira (15), feriado de Proclamação da República.

A visita in loco faz parte das ações do Hackathon Recife, evento que iniciou nessa terça-feira (14), na Casa Zero, no Bairro do Recife, e segue até a próxima sexta-feira (17), reunindo especialistas para aprofundar os estudos das soluções contra alagamentos na cidade.

Chefe do gabinete do Programa ProMorar, da Prefeitura do Recife, João Charamba destaca que a iniciativa busca analisar os principais gargalos referentes às inundações que acometem a capital pernambucana em períodos chuvosos. A partir dos estudos, o programa pretende identificar e aplicar medidas que diminuam os danos sofridos pela população.

“Estamos visitando alguns pontos históricos de inundações provocadas pelo Rio Tejipió ao longo de seu curso na cidade do Recife”, disse. 

O grupo se concentrou na altura do cruzamento das avenidas Recife e Dom Helder, em Areias, de onde segue por diversos bairros da cidade. Entre eles, Imbiribeira, Jardim São Paulo, Barro e Curado. No roteiro da visita de campo estão as comunidades de Sapo Nú, Jardim Uchoa, Vila Aliança e Dancing Days e as pontes Ananias Catanho e Motocolombó. 

“Nosso especialistas vão visitar localidades onde a bacia do Tejipió aparece, aflora. E onde o seu transbordo de calha causa esse tipo de inundação”, comentou.

A secretária de Infraestrutura do Recife, Marília Dantas, também acompanha a visitação. “Esse é um processo extremamente importante, onde a gente coloca vários profissionais, com muitas áreas de conhecimento diferentes, para chegar em possíveis soluções validadas e com mais segurança para a cidade do Recife”, destacou. 

O grupo de especialistas holandeses que atuam nos estudos é liderado pelo engenheiro Ben Lamoree. Ele explica que o projeto está na fase de análises para definir possíveis medidas que diminuam os problemas decorrentes de alagamentos.

“Estamos na fase de analisar os problemas principais. Isso quer dizer que até agora ainda não chegamos a soluções próprias. Ontem e hoje estamos a ver a situação atual, real, e pouco a pouco vamos ver soluções que foram pensadas dentro do projeto. E, junto com o grupo todo, vamos ver iniciativas que podem ser implementadas”, pontuou. 

Um dos locais visitados pelos pesquisadores nesta quarta-feira foi a Rua Teresópolis, no bairro do Ipsep, na Zona Sul do Recife. Moradores da região acompanharam o trabalho do grupo.

Foi o caso de Josias José da Silva, motorista de 56 anos. Ele mora na localidade desde que nasceu e conta que já vivenciou inúmeros transtornos em períodos de cheia do rio. “É muito transtorno mesmo. Nós estamos tendo cheia aqui aproximadamente desde 2002. De lá para cá é só cheia, prejuízo total”, disse.

Segundo o motorista, os moradores estão na expectativa de que os estudos e novas medidas a serem adotadas pela prefeitura ponham fim ao clico de alagamentos e prejuízos. “Estamos avaliando positivamente e esperamos que se conclua, que de fato se execute as medidas. É o que nós esperamos”, frisou.

Morador da região há cerca de 12 anos, o autônomo Marcelo Freitas também aguarda uma solução para o local. “É uma melhoria que esperamos que aconteça. Já tivemos situação de ficarmos ilhados aqui”, disse. 

Ele comenta que os transtornos são frequentes. “Inclusive, nas últimas chuvas mais fortes que tiveram aqui, a maioria das casas encheram. Tá muito crítico”, comentou.

BACIA DO TEJIPIÓ - De acordo com os estudos de drenagem urbana no Recife realizados para o ProMorar, o Rio Tejipió está como uma das principais bacias da cidade e a mais crítica em termos de vulnerabilidade aos eventos climáticos, em comparação ao Capibaribe e Beberibe. Anualmente, o rio transborda da sua calha, inundando áreas mais baixas da bacia, como avenidas importantes (Recife, Mascarenhas de Morais e José Rufino) e diversos bairros (IPSEP, Imbiribeira, Coqueiral, Jardim São Paulo e Tejipió).  São vários os pontos críticos de inundação e alagamento por influência do rio e também das marés sobre da rede de drenagem. ]

A bacia do Tejipió tem suas nascentes no município de São Lourenço da Mata. A área total da bacia possui 93,2 km², com 67,79 km² no Recife, percorrendo aproximadamente 20 km de extensão. O processo de ocupação e as cotas baixas das margens dos cursos d´água são apontadas dentre as causas dos transbordamentos que acontecem anualmente no Recife.
 

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