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Terremoto

Esperança de novos milagres motiva hospital de campanha na Turquia

Uma jovem síria sobreviveu por 180 horas debaixo de escombros

Encontrar pessoas depois de tanto tempo debaixo dos escombros é motivo de esperança Encontrar pessoas depois de tanto tempo debaixo dos escombros é motivo de esperança  - Foto: Yasin Akgul/AFP

Após passar mais de 180 horas debaixo dos escombros, Abir, uma jovem síria, conseguiu sobreviver e agora está sendo reanimada em um hospital de campanha em Hatay, uma das províncias turcas mais atingidas pelo terremoto devastador de 6 de fevereiro.

"Estou ouvindo seu pulso!", comemora um dos paramédicos reunidos em uma tenda marrom para procederem a reanimação da jovem de 25 anos.

Durante uma semana, as ambulâncias percorreram a província no sul da Turquia com suas sirenes estridentes, mas o barulho quase desapareceu nesta terça-feira (14).

"É um milagre encontrar outro paciente vivo debaixo dos escombros", diz o médico Yilmaz Aydin.

Em três horas, apenas seis veículos de resgate levavam feridos a este hospital de campanha montado no estacionamento de um grande hospital de Antakya.

A cidade foi devastada pelo terremoto que já deixou mais de 35 mil mortos na Turquia e na Síria.

"A partir de agora, os sobreviventes certamente estarão em estado mais crítico. A maioria deles precisará de cuidados de emergência vitais", analisou Aydin.

Após 180 horas nos escombros, Abir "teve um pneumotórax", a presença de ar e gás na pleura, a membrana que reveste os pulmões, explica o médico Nihat Mujdat Hokenek, que supervisiona o atendimento.

"Seu coração parou duas vezes, mas conseguimos recuperá-la. Fizemos tudo o que a literatura médica recomenda. E, depois de uma hora e meia de esforços, ela sobreviveu", contou.

"Questão de minutos" 
"Foi um momento muito especial, talvez o resgate mais extraordinário da minha vida" pelas circunstâncias em que ocorreu, disse Omar, um dos enfermeiros que realizou o procedimento de reanimação na jovem.

"Salvei muitas vidas, mas nunca estive tão feliz", diz ele.

Outras duas mulheres feridas foram levadas a outro hospital.

"Meu pai está aqui? Minha mãe está aqui?", perguntou uma delas, chorando, antes de ser levada por um helicóptero.

Mas Hokenek acredita que possa haver outros milagres.

Apesar do frio, algumas vítimas "poderiam sobreviver mais tempo" se estivessem em um local seguro entre os escombros, com um pouco de comida e água, disse Aydin, embora reconheça que isso "raramente" acontece.

Dois paramédicos estrangeiros, no entanto, estão menos otimistas.

"Realmente é preciso que a pessoa seja jovem e saudável porque a hipotermia é um fator agravante", comenta um que prefere não ser identificado.

"Neste momento, depois de uma semana, é realmente uma questão de minutos", afirma outro.

Abir acabou sendo colocada em uma maca e transportada em uma ambulância, mas enquanto um helicóptero esperava para levá-la a um hospital em Adana, a 200 quilômetros de distância, seu estado piorou novamente.

As autoridades turcas estimaram que cerca de 80 mil feridos foram resgatados desde sábado (11).

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