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"Espetacular e macabro": o que se sabe sobre assassinato de investidor encontrado em mala

Fernando Pérez Algaba tinha dívidas e havia perdido muito dinheiro com seus investimentos; ele também trocou ameaças com filho da barra brava do Boca Juniors

Fernando Pérez Algaba, de 41 anos, era investidor de criptomoedas Fernando Pérez Algaba, de 41 anos, era investidor de criptomoedas  - Foto: Divulgação

A polícia de Buenos Aires encontrou na manhã desta quarta-feira (26) o corpo desmembrado de Fernando Pérez Algaba, 41 anos, desaparecido há uma semana. Naquela data, o proprietário do apartamento alugado pelo homem na capital argentina buscou as autoridades e disse não conseguir localizar Algaba.

No domingo, a polícia de Buenos Aires descobriu seus braços e pernas em uma mala abandonada em um riacho na cidade de Ingeniero Budge. Nesta quarta-feira, o torso e a cabeça do homem foram encontrados após mais buscas no local.

Pérez Algaba, apelidado de Lechuga, tinha quase um milhão de seguidores no Instagram, onde promovia aluguel de veículos de luxo e investimentos em criptomoedas. A principal hipótese da investigação é que ele foi vítima de um acerto de contas.

A vítima havia chegado a Buenos Aires vindo do Barcelona, para onde se mudou depois de passar uma temporada no sul dos Estados Unidos. Os principais meios de comunicação argentinos dedicaram a manhã a reconstruir sua história a partir dos rastros que deixou na internet.

Em março passado, Pérez Algaba havia sido entrevistado por vários portais de notícias que divulgaram sua história como a do migrante que deixa um país em crise para ter sucesso no exterior. Eles o definiram como um trader de ativos financeiros, que fez fortuna em Miami dedicando-se ao aluguel de carros de luxo.
 

— Comecei a trabalhar com 14 anos. Comecei com uma bicicleta e uma caixa e comecei a vender sanduíches —, disse Pérez Algaba.

Ele afirmava ainda ter dedicado sua vida a fazer o seus negócios crescerem. Na adolescência, entregava pizzas e vendia sorvete em Buenos Aires. Aos 17 anos, emancipou-se para coordenar viagens de alunos do ensino médio na cidade de Bariloche. Oito anos depois, começou a dedicar-se à venda de carros, depois de vender a moto que tinha comprado.

Nas redes sociais, Pérez Algaba ostentava uma vida de carros de luxo, viagens pela Europa e dois buldogues franceses. Ela tinha quase 920 mil seguidores no Instagram, mas poucos comentários de amigos.

Mas a história de Algaba não era apenas isso. Segundo a agência Télam, ele acumulou dívidas com o fisco argentino, que as classificou como "irrecuperáveis". Já sua empresa, Motors Lettuce S.R.L., começou a emitir cheques sem fundos 10 meses após sua constituição em janeiro de 2018. Segundo fontes judiciais citadas pelo jornal La Nación, Pérez Algaba havia deixado uma nota escrita em seu celular explicando que havia perdido muito dinheiro investido em um negócio de criptomoeda.

Ele também havia trocado ameaças com o filho de um dos principais dirigentes da barra brava do Boca Juniors, que exigia um empréstimo de US$ 40 mil. Algaba havia enviado uma longa mensagem em que explicava sua situação a alguns contatos. “Se algo acontecer comigo, todos já estão avisados”, escreveu. Pérez Algaba disse que tinha outras quatro testemunhas que também foram ameaçadas.

A única pessoa detida no caso, segundo informou o ministro da Segurança da Província de Buenos Aires, é uma mulher que a polícia encontrou ao seguir o rastro de alguns documentos encontrados na mala na qual estavam os restos mortais do homem.

— Pelo que apuramos, ele não tinha uma relação tranquila e havia crises na família —, explicou o ministro Sergio Berni ao canal de notícias C5N — Mas essas são questões pessoais. O que posso dizer é que é uma vida difícil de explicar, envolvida com golpes.

Berni afirmou que a investigação avançava rapidamente e que os criminosos agiram "rapidamente e quase loucamente".

— Um criminoso mais profissional faz diferente, não assim. A situação foi muito espetacular, um acontecimento um tanto macabro.

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