CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

Espinhosas negociações à vista sobre militares israelenses reféns em Gaza

Em cada família, há um militar em serviço ativo ou um reservista

Soldado gesticula enquanto unidade de artilharia israelense dispara em direção ao sul do Líbano, em 22 de novembroSoldado gesticula enquanto unidade de artilharia israelense dispara em direção ao sul do Líbano, em 22 de novembro - Foto: Jalaa Marey/AFP

A questão dos soldados reféns em Gaza emerge como uma das mais complicadas nas negociações entre o Hamas e Israel, onde praticamente em cada família há um militar em serviço ativo ou um reservista.

Em seu ataque contra Israel em 7 de outubro, o movimento islamista Hamas sequestrou cerca de 240 pessoas e as levou para a Faixa de Gaza, de acordo com as autoridades israelenses.

As famílias dos reféns, apoiadas por grande parte da opinião pública israelense, exigem a libertação de cada um deles. Os soldados, porém, constituem um caso à parte.

"Cada família tem um irmão, uma irmã, um primo" que serve como soldado, destaca David Khalfa, codiretor do Observatório da África do Norte e do Oriente Médio para a fundação francesa Jean Jaurès.

Khalfa descreve uma "relação quase inquebrantável entre a sociedade civil, o Estado e o Exército, com laços morais, emocionais e afetivos muito estreitos".

Dos 240 reféns, pelo menos 11 são soldados, incluindo quatro mulheres, e cerca de 40 homens em idade de serem reservistas, segundo um levantamento da AFP. Não há dados oficiais precisos sobre o número de soldados reféns.

Moeda de troca 
O ataque do movimento islamista no sul de Israel deixou 1.200 mortos, em sua maioria civis, de acordo com as autoridades.

A questão dos reféns militares encontra ecos dolorosos na história de Israel. Em 2014, o país libertou cerca de 450 prisioneiros palestinos em troca de um empresário israelense e dos corpos de três soldados.

E em 2011, após cinco anos de cativeiro em Gaza, o soldado Gilad Shalit foi libertado em troca de 1.027 prisioneiros palestinos.

Entre eles estava Yahya Sinuar, o líder do Hamas em Gaza, considerado um dos responsáveis pelo ataque de 7 de outubro.

O caso de Shalit foi marcante, pois foi a primeira vez em quase três décadas que um militar israelense foi libertado. Mas ao mesmo tempo desencadeou um debate - que continua vivo hoje - sobre as concessões aceitáveis para libertar os soldados.

O ataque de 7 de outubro mudou a situação e evidenciou o fracasso do Estado, do Exército e dos serviços de Inteligência em manter a segurança da população.

Tanto o Hamas quanto a Jihad Islâmica, outro grande movimento islamista na Faixa que mantém reféns, são conscientes de que os militares são uma forte moeda de troca.

Para eles, qualquer homem adulto é um reservista e, portanto, um soldado. Os dois grupos querem trocá-los pela totalidade dos prisioneiros palestinos (cerca de 7.000).

No entanto, para Avi Melamed, ex-funcionário da Inteligência israelense, isso é uma concessão "que nenhum governo israelense poderá aceitar nunca".

"Vivo ou morto" 
Há também a questão dos soldados capturados que morreram. A pressão para que seus corpos sejam recuperados e enterrados com as devidas honras é forte.

"Conservar (...) os corpos dos soldados é sádico", mas será difícil que as partes cheguem a um acordo sobre seu valor, diz Avi Melamed.

O Hamas afirma que mais de 15.000 pessoas, em sua maioria civis, morreram nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.

Israel prometeu fazer tudo o que estiver ao seu alcance para repatriar os corpos de seus soldados mortos.

A pressão da opinião pública será forte para que os restos mortais que permanecem em Gaza sejam devolvidos a Israel, analisa Eva Kuluriotis, uma especialista independente. É importante "sepultar os corpos de maneira adequada, respeitando os rituais", acrescentou.

Além disso, "o governo considera também que tem um dever para com o cidadão israelense, esteja ele vivo ou morto", assinalou.

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