Colômbia

Esquerda é derrotada em eleições regionais na Colômbia em novo revés para Gustavo Petro

Em Bogotá, candidato opositor Carlos Fernando Galán, venceu no primeiro turno com mais de 40% dos votos

Presidente da Colômbia, Gustavo PetroPresidente da Colômbia, Gustavo Petro - Foto: Daniel Muñoz/AFP

O resultado das eleições regionais da Colômbia, no último domingo (29), significam uma grande derrota para o presidente Gustavo Petro e a onda de esquerda que o elegeu, há pouco mais de um ano.

As disputas nas principais prefeituras e governos, incluindo na capital, Bogotá, principal reduto político de Petro, foram vencidas por políticos da direita tradicional do país, e mostram como as crises políticas e familiares do presidente, principalmente envolvendo seu filho, Nicolás, acabaram respingando em sua imagem.

Em Bogotá, o candidato opositor Carlos Fernando Galán, do Novo Liberalismo, venceu as eleições no primeiro turno com mais de 40% dos votos. O ex-senador Gustavo Bolívar, apoiado pelo presidente, acabou em terceiro, com 18,7%. Resultados semelhantes se repetiram em Medellín, Barranquilla e Valle del Cauca.

— Sinto que foi um voto de punição ao Pacto Histórico [coalização de Petro] — disse o próprio Bolívar após os resultados.

Além dos escândalos de corrupção em torno da sua família, as dificuldades em chegar a um acordo de paz com grupos armados e o aumento da violência atribuída a guerrilheiros e traficantes tiveram efeitos sobre o resultado, concordaram analistas.

— As eleições foram consideradas uma avaliação do governo do presidente — disse à AFP Mauricio Velasquez, professor da Escola de Governo da Universidade de los Andes. — Petro viu o desgaste em termos de sua imagem.

Petro, ex-prefeito de Bogotá, obteve 58% dos votos da capital na eleição presidencial do ano passado. Anos antes, em 2019, a cidade elegeu a primeira mulher abertamente lésbica, a centrista Claudia López Hernández, derrotando Galán. Desta vez, o político obteve o apoio de vários setores da direita tradicional e obteve 1,4 milhão de votos, recorde na capital.

A eleição em Bogotá foi marcada por uma disputa em torno da construção do metrô da cidade que envolve Petro de forma direta. O presidente tinha o apoio de Claudia López, mas perdeu aos poucos por causa de divergências em torno da obra.

"Se eles (o governo) queriam um plebiscito, este é um em alto e bom tom", disse López no X (ex-Twitter) em relação aos resultados das urnas para o governo nacional.

Em Medellín, onde Petro tinha um defensor e aliado na prefeitura, Daniel Quintero, a eleição foi vencida pelo direitista Federico Gutíerrez, que adotou o discurso de oposição ao "governo de mudança" de Petro. O resultado se repetiu no âmbito provincial, com o também direitista Andrés Julián Rendón eleito governador.

Apesar disso, os partidos do Pacto Histórico, como é chamada a coalizão de governo de Petro, não saíram derrotados em todos os pleitos. Os resultados foram positivos em 6 dos 32 departamentos do país. Ciente dos efeitos políticos que a eleição em geral pode ter para o governo, Petro ressaltou as vitórias.

"O avanço das forças de governo no oeste da Colômbia é gigante. Apenas em Nariño e Cauca foram conquistados os dois governadores e 40 prefeituras", declarou o presidente nesta segunda-feira, 30, no X.

O presidente também afirmou que está disposto a dialogar com todos os políticos eleitos. Na noite do domingo, disse que vai reuni-los para "articular propostas" que possam "construir juntos um país que combata a corrupção, a injustiça e enfrente a crise climática". A questão que fica em aberto é qual será o efeito na política nacional. Se Petro conseguir se aproximar dos eleitos para realizar projetos conjuntos, suas derrotas podem ser revertidas.

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