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Esquerda francesa reedita aliança sem Macron e frustra pedido de moderação do presidente

Partido Socialista e outras forças de centro-esquerda francesa anunciaram que serão oposição ao presidente e confirmaram coalizão com partido França Insubmissa

Parlamentares de esquerda francesa apresentam manifesto da Nova Frente Popular, que vai concorrer nas eleições da FrançaParlamentares de esquerda francesa apresentam manifesto da Nova Frente Popular, que vai concorrer nas eleições da França - Foto: Julien de Rosa/AFP

Partidos de esquerda e centro-esquerda da França anunciaram, nesta sexta-feira, que vão reeditar a aliança conhecida como "Frente Popular", que concorreu nas eleições presidenciais de 2022, para a eleição antecipada para o Legislativo, convocada pelo presidente Emmanuel Macron no domingo. A aliança inclui o partido França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), do veterano Jean-Luc Mélenchon, acusado por Macron de ser um extremista. O grupo prometeu fazer oposição ao presidente.

A Frente Popular será formada pelo Partido Socialista, principal força da centro-esquerda francesa e sigla da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, pelo França Insubmissa, de Mélenchon, pelo Partido Verde e pelo Partido Comunista. Ainda não há uma decisão de quem será o cabeça-de-chapa, que assumirá o cargo de primeiro-ministro em caso de vitória nas urnas.

O acordo para a criação da Nova Frente Popular, como foi batizada, foi alcançado na noite de quinta-feira, após a concordância de líderes partidários. Em um manifesto conjunto, publicado nesta sexta, a nova aliança defende o abandono das controversas reformas de imigração e pensões de Macron, caso vençam as eleições, e a "ruptura total" com as políticas do atual presidente francês.

O líder do Partido Socialista — legenda com maior influência e base eleitoral no campo da esquerda—, Raphaël Glucksmann, acusou Macron de "mergulhar a França no caos" e defendeu a coalizão como a "única forma" de evitar uma vitória da extrema direita. Macron justificou a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de eleições antecipadas a partir da vitória conquistada pelo Reagrupamento Nacional (RN), da líder extremista Marine Le Pen, n a votação nacional para o Parlamento Europeu.

— Não podemos deixar a França à família Le Pen — disse Glucksman, de 44 anos, que liderou a lista apoiada pelos socialistas nas eleições europeias, à emissora France Inter.

O político descartou, contudo, a indicação do líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, ao cargo de primeiro-ministro, como ocorreu em 2022. Ele afirmou que a coalizão precisaria "de alguém que consiga chegar a um consenso". Tanto Glucksman quanto Hidalgo, em reações iniciais, já haviam se levantado contra a indicação de Mélenchon, antes mesmo da confirmação da reedição da aliança.

Distanciamento
Em um discurso na quarta-feira, quando se justificou sobre a antecipação das eleições legislativas, Macron convocou os "partidos moderados" a se unirem em uma frente contra os "extremos" da política francesa. A falta de uma menção específica à extrema direita, representada pelo RN, fez analistas apontarem que o presidente se referia também a Mélenchon, um dos principais críticos das medidas mais à direita adotadas pela coalizão centrista do presidente.

Se a estratégia era atrair para sua coalizão, de fato, as forças de centro-direita e centro-esquerda, sobretudo os Republicanos e os Socialistas — o anúncio de sexta-feira praticamente enterra esses planos.

À medida que a esquerda definiu seu destino, a direita enfrenta uma disputa interna que não parece aproximar nenhuma sigla de Macron. Eric Ciotti, líder dos principais conservadores republicanos, quebrou um tabu histórico ao anunciar que o seu partido formaria uma aliança eleitoral com a extrema direita, no começo da semana. O gabinete político do partido rechaçou o acordo e votou pela expulsão imediata de Ciotti.

O caso parou na justiça, após Ciotti contestar que sua destituição descumpriu o estatuto do partido. O gabinete político dos republicanos realizou uma nova reunião nesta sexta-feira e confirmou a expulsão de Ciotti, disseram fontes do partido à AFP.

Jordan Bardella: O 'ciborgue' e 'genro ideal' que pode levar a extrema direita ao poder na França

Em paralelo, o Reagrupamento Nacional começou a fazer campanha, com um cenário favorável à vista. Sondagens iniciais sugerem que o partido dirigido por Marine Le Pen aumentará enormemente a sua presença parlamentar, passando dos atuais 88 dos 577 assentos. Jordan Bardella, outra liderança do partido, insistiu que a união com os republicanos estava de pé, e que as siglas apresentariam candidaturas unificadas em 70 dos 577 círculos eleitorais.

Na Itália para a reunião de cúpula do G7, Macron tentou manter o otimismo e defender sua decisão de chamar eleições antecipadas — que arrisca sua maioria parlamentar. Ele disse que os líderes ocidentais presentes em Bari elogiaram a sua medida, chamando-a de "corajosa".

Nós ou eles
O ex-presidente socialista da França, François Hollande, aprovou a decisão das siglas de esquerda de concorrerem em conjunto. Em um pronunciamento, ele comemorou que as forças de esquerda tinham superado suas diferenças.

A Nova Frente Popular, cujo nome é uma homenagem à uma aliança política fundada na França em 1936 para combater o fascismo, comprometeu-se a "defender infalivelmente a soberania e a liberdade do povo ucraniano" e a fornecer armas a Kiev. A coligação também propôs o envio de forças de manutenção da paz para proteger as centrais nucleares na Ucrânia.

— Será a extrema direita ou nós — disse a líder do Partido Verde, Marine Tondelier, em entrevista a repórteres. (Com AFP)

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