Saúde

Esquizofrenia: o que é, sintomas, causas e tratamento

A esquizofrenia é desencadeada por um somatório de fatores sociais, ambientais e genéticos

EsquizofreniaEsquizofrenia - Foto: @ ArtesiaID/Freepik

Cercada de muitos tabus e preconceito da sociedade, a esquizofrenia é uma doença psiquiátrica caracterizada pela dissociação entre o que é real e o que é imaginário por parte do indivíduo. Na maioria dos casos, são relatadas alucinações, que constituem alterações da percepção como “ouvir vozes”, ter visões e sensações de perseguição não compartilhadas por outras pessoas, mas que para o paciente parecem reais. O distúrbio afeta a capacidade de pensar e agir sem uma motivação aparente, o que acaba gerando reclusão social.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a esquizofrenia é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos. No Brasil, a doença afeta cerca de 1,6 milhão de pessoas, segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), do Ministério da Saúde. A disfunção mental geralmente se manifesta na adolescência ou início da idade adulta, entre 20 e 30 anos de idade, e pode se agravar ao longo dos anos.

Se antes a expectativa era que esquizofrênicos fossem internados nos chamados manicômios, hoje eles têm garantidos, por lei, diversos direitos, como assistência social, psicológica e reabilitação oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes também têm acesso gratuito a remédios antipsicóticos, que são os mais eficazes no controle da doença.

Quais são os sintomas da esquizofrenia?
Segundo a médica psiquiatra Roberta França, membro da Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria, os sintomas da esquizofrenia são:

Alucinações visuais e auditivas;

Ilusões;

Comportamento antissocial;

Perda de motivação;

Alteração de memória.

É uma doença muito anárquica, em que o paciente chama atenção pela desorganização do pensamento.

Quais são os tipos de esquizofrenia?
A psiquiatra ressalta três tipos centrais de esquizofrenia: paranoide, catatônica e hebefrênica. No entanto, na maioria dos casos, não é possível definir com exatidão qual é o padrão do paciente. De acordo com França, para além de categorizar a doença, o importante é fazer o diagnóstico, a fim de ajudar o indivíduo que sofre com a doença mental que é crônica e, em alguns casos, incapacitante.

Esquizofrenia paranoide
O paciente apresenta ideias delirantes com frequência, de caráter persecutório, na maioria das vezes acompanhadas de alucinações auditivas, e de perturbações das percepções.

Esquizofrenia hebefrênica
As ideias delirantes e as alucinações são fragmentadas, o comportamento é irresponsável e imprevisível; e há, com frequência, gestos extravagantes e prolixos.

Esquizofrenia catatônica
É dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos, como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo.

Quais são as causas da esquizofrenia?
Por não ser possível determinar a origem do transtorno psicótico, Marcelo Veras, psiquiatra e psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, explica que a esquizofrenia é o somatório de situações que acontecem na vida, principalmente na primeira infância, ligada ao modo como o próprio bebê e criança reconhece a si mesmo e o próximo.

Além disso, traumas de abandono e reclusão social também podem desencadear a doença, bem como fatores cerebrais e ambientais. Apesar de haver indícios de que o distúrbio possa ser adquirido de forma hereditária, a questão genética não é determinante.

Como fazer o diagnóstico da esquizofrenia?
O diagnóstico da esquizofrenia é eminentemente clínico, ou seja, não existe nenhum exame de imagem ou de laboratório que aponte a doença. Assim, o profissional leva como base a história psiquiátrica e o exame do estado mental do paciente, bem como a observação dos familiares. As perturbações características da esquizofrenia duram pelo menos 6 meses.

Como é o tratamento da esquizofrenia?
Segundo o psiquiatra Marcos Veras, o tratamento da esquizofrenia alia acompanhamento psicológico a medicamentos antipsicóticos ou neurolépticos, que têm a função de aliviar os sintomas na fase aguda da doença e prevenir novos episódios. Durante o consumo de remédios, é imprescindível uma retomada da rotina, trabalho e relacionamento com amigos e familiares para estabilização do quadro.

Apesar de a maioria dos pacientes precisar utilizar a medicação de forma contínua para não ter novas crises, Veras afirma que o medicamento não vicia, desde que aliado à abordagem psicossocial. A reintegração social é importante tanto para o esquizofrênico, quanto para a sociedade, ao quebrar preconceitos quanto à validez do paciente.

O SUS oferece tratamento para a esquizofrenia?
O SUS oferece tratamento para a esquizofrenia através dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). No local, as pessoas são acolhidas, sejam elas encaminhadas por outros serviços ou por meio de demanda espontânea. Segundo o Ministério da Saúde, em 2020, o Brasil realizou mais de 175 milhões de atendimentos para pessoas com o diagnóstico.

Fontes: Marcelo Veras, psiquiatra e psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise; Roberta França, psiquiatra e membro da Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria; Ministério da Saúde; Farmacêutica Pfizer; Organização Mundial da Saúde; Instituto de Pesquisa e Ensino Médico do Estado de Minas Gerais

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter