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Patrimônio

Estação Ferroviária do Brum é tombada de forma definitiva pelo Iphan

O edifício se torna o primeiro bem ferroviário a ser tombado pelo instituto, em Pernambuco

Estação Ferroviária do Brum foi fundada em 1881Estação Ferroviária do Brum foi fundada em 1881 - Foto: Maria Emília Freire/Iphan

A Estação Ferroviária do Brum, localizada no bairro de São José, no centro do Recife, se tornou o primeiro bem ferroviário de Pernambuco a ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A decisão foi tomada nesta quarta-feira (26), durante a 107ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado do Iphan. 

O evento contou com a presença do superintendente do Iphan em Pernambuco, Fernando Eraldo de Medeiros, da presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba, e da secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.  

Vale lembrar que a Estação do Brum recebeu tombamento provisório no dia 16 de janeiro. Nesta quarta, com o tombamento definitivo, foi incluída, também, a caixa d'água que faz parte do pátio ferroviário do Brum. A construção fica a 20 metros da estação. 

Primeira linha férrea brasileira construída pela The Great Western of Brazil Railway Company Limited (G.W.B.R), a Estação do Brum foi inaugurada em 1881. Ela serviu como ponta de linha da segunda estrada de ferro do Estado, a Estrada de Ferro do Recife ao Limoeiro. 

O trajeto foi projetado, à época, com o objetivo de escoar a produção agrário-exportadora, especialmente açúcar, algodão e gado, além de transportar passageiros por Pernambuco. Em seguida, a malha ferroviária foi ampliada, passando atender a Paraíba e o Rio Grande do Norte, impulsionando o desenvolvimento econômico, social e cultural da região. 

Com a modernização dos transportes e a priorização das rodovias, o transporte ferroviário perdeu espaço e a estação foi desativada, tornando-se um símbolo da memória ferroviária nacional.  

Valorada e incluída na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário em 2010, a Estação do Brum integrava um amplo complexo ferroviário, que incluía uma área de embarque e desembarque de passageiros, oficinas, armazéns, desvios, trilhos, uma vila operária e uma caixa d’água.

Com o tempo, grande parte dessas estruturas foi removida, restando apenas a estação e a caixa d’água, localizada no terreno onde está instalada a administração do Porto do Recife.  

Hoje inativo, o edifício da Estação do Brum se destaca como um marco da arquitetura ferroviária brasileira devido à sua excepcionalidade artística e arquitetônica.

Com um elaborado desenho neoclássico, a construção se diferencia pelo uso de ferro e pelos detalhes construtivos, evidenciando clareza, qualidade e simplicidade formal e espacial.  

O projeto não só atendeu às demandas funcionais, mas também incorporou técnicas avançadas da época, como o emprego de vidro e ferro, além de materiais importados.

Essas características conferem à estação um valor singular na história das ferrovias do Nordeste e do Brasil, refletindo a riqueza cultural e arquitetônica do período entre o século XIX e o início do XX.  

Já em 1999, o edifício foi revitalizado para abrigar o Memorial da Justiça de Pernambuco. Atualmente, o espaço funciona como um centro cultural, com museu, biblioteca e arquivo histórico, aberto ao público e voltado à preservação da história do Poder Judiciário no estado.  

“Essa edificação representa a expressão artística e estética própria da arquitetura ferroviária, uma categoria ainda pouco presente no acervo de bens tombados pelo Iphan. Esse tipo de arquitetura teve um papel fundamental na incorporação de novos temas decorrentes da Revolução Industrial, como a produção em série e a pré-fabricação, que até hoje são centrais no debate desta área”, afirmou o conselheiro relator do processo de tombamento, Nivaldo Andrade. 

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