Estados Unidos suspendem vistos a colombianos após Petro impedir deportações
Presidente da Colômbia afirma que país deve 'estabelecer um protocolo para o tratamento digno' antes de receber estrangeiros
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, se manifestou contra as políticas anti-imigração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em postagem nas redes sociais, o chefe do Executivo afirmou que os EUA "não podem tratar os imigrantes colombianos como criminosos".
"Os EUA não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos. Não autorizo a entrada de aviões americanos transportando imigrantes colombianos em nosso território", escreveu Petro. O presidente disse também que os EUA "devem estabelecer um protocolo para o tratamento digno dos migrantes antes de recebê-los".
A fala ocorreu após brasileiros deportados dos Estados Unidos relataram terem sido agredidos por agentes americanos durante voo de repatriação. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com os 88 brasileiros aterrissou no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte (MG), às 21h10 deste sábado.
O governo do México, por sua vez, garantiu na sexta-feira que está disposto a cooperar com os Estados Unidos para receber seus cidadãos deportados por Washington, depois que a Casa Branca anunciou que o país concordou em receber quatro voos em um dia com mexicanos deportados.
"Sempre aceitaremos de braços abertos a chegada de mexicanos ao nosso território", disse a Secretaria de Relações Exteriores em um comunicado, após o anúncio da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, de que o México aceitou "um recorde de 4 voos de deportação em um dia".
Gestão contra a imigração
Poucas horas após assumir a Presidência dos Estados Unidos, Trump assinou uma série de decretos que sinalizaram uma reversão das políticas existentes no país em questões como imigração, meio ambiente e diversidade. O conjunto das ordens executivas foi um esforço para alterar muitas das políticas domésticas do agora ex-presidente Joe Biden: em discurso na segunda-feira, o republicano disse ter revogado quase 80 “decretos radicais e disruptivos da administração anterior”.
Embora algumas das ordens de Trump devam quase certamente ser contestadas nos tribunais — e com outras sendo amplamente vistas como simbólicas — elas representam, em conjunto, sua intenção de se afastar drasticamente da direção da administração democrata e de cumprir suas promessas de campanha. Desde que anunciou sua candidatura, o republicano garantiu que iniciaria seu segundo mandato com novos esforços para restringir a imigração ilegal e deportar imigrantes indocumentados que atualmente residem no país.
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Não foi surpresa, portanto, quando ele assinou uma série de decretos relacionados à fronteira, incluindo o “realinhamento” do Programa de Admissão de Refugiados, a designação de cartéis de drogas como organizações terroristas estrangeiras, a declaração de emergência nacional na fronteira sul e o fim da cidadania automática para crianças nascidas nos Estados Unidos filhas de pais estrangeiros sem status legal — medida que foi suspensa temporariamente na quinta-feira por um juiz de Seattle. Este foi o primeiro revés de Trump na Justiça desde que retornou à Casa Branca e ocorreu após 22 estados entrarem com processos contra a mudança.
O republicano ainda encerrou o uso do aplicativo CBP One, que buscava facilitar a imigração regular a requerentes de asilo. Funcionários do Departamento de Segurança Interna citaram o aplicativo como uma ferramenta criada para ajudar a reduzir as travessias de migrantes ao fornecer uma maneira ordenada de inscrever suas solicitações. Com ele encerrado e as restrições de asilo em vigor, a fronteira também passa a estar efetivamente fechada para solicitantes de asilo. Agendamentos que já estavam marcados pela plataforma foram cancelados.
As medidas foram tomadas mesmo com os últimos meses da administração Biden registrando os menores números de travessias ilegais na fronteira em quatro anos. Em dezembro, o último mês completo do governo democrata, a Patrulha de Fronteira americana registrou a detenção de 47,3 mil migrantes na fronteira, segundo o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP). Em dezembro de 2020, no último mês completo do primeiro mandato de Trump, as travessias ilegais giravam em torno de 71 mil.
Trump também removeu a liderança da agência do Departamento de Justiça que inspeciona os tribunais de imigração do país, segundo uma fonte ouvida pela CNN americana. O Escritório Executivo de Revisão de Imigração (EOIR, em inglês) supervisiona o sistema de tribunais de imigração do país, onde juízes de imigração decidem se os imigrantes podem permanecer nos EUA ou se devem ser deportados. Com servidores públicos de carreira na mira, a medida ilustra o impulso de Trump de admitir funcionários alinhados com sua visão política.