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EUA

Estados Unidos vivem tensão política permanente

Há anos democratas acusam Trump de fomentar um clima político por vezes sufocante

O diretor interino do Serviço Secreto dos EUA, Ronald Rowe Jr., caminha até o púlpito para falar em uma entrevista coletiva sobre a tentativa de assassinato do ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald TrumpO diretor interino do Serviço Secreto dos EUA, Ronald Rowe Jr., caminha até o púlpito para falar em uma entrevista coletiva sobre a tentativa de assassinato do ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump - Foto: Chandan Khanna / AFP

A suposta nova tentativa de assassinato contra Donald Trump nos Estados Unidos acirrou ainda mais o clima político eventualmente sufocante no país, a sete semanas das eleições presidenciais.

Ainda não se sabe a motivação do suspeito, visto no campo de golfe do candidato republicano na Flórida, e detido pouco depois.

O ex-presidente então associou o ocorrido à "retórica" do atual chefe do Estado, o democrata, Joe Biden e de sua vice-presidente e candidata do partido à Presidência, Kamala Harris.

"Sua retórica está fazendo com que disparem contra mim", garantiu o bilionário, acusando os democratas de utilizarem uma linguagem "muito incendiária".

"Estão chovendo balas por causa desta retórica comunista e a situação vai piorar", alertou ele em sua plataforma Truth Social.

Trump já havia culpado os democratas por sua primeira tentativa de assassinato, quando um homem o feriu na orelha ao abrir fogo a partir do telhado de um prédio no local onde realizava um comício na Pensilvânia (leste), em meados de julho.

"Provavelmente fui alvo de um tiro na cabeça pelas coisas que dizem sobre mim. Falam sobre democracia, mas eu sou uma ameaça para a democracia. Eles são a ameaça à democracia", insistiu o republicano durante um debate eleitoral contra Kamala.

"Caos" 
Há anos os democratas acusam Trump de ter fomentado um clima político por vezes sufocante.

Biden alertou sobre o risco de "caos" por parte dos republicanos, sobretudo devido à recusa de alguns deles em reconhecer o resultado das eleições de 2020, na qual derrotou o magnata.

As imagens de apoiadores de Trump invadindo o Congresso em 6 de janeiro de 2021, enquanto os parlamentares rastejavam pelo chão com máscaras de oxigênio, deixaram uma marca indelével em seu mandato.

Além disso, várias personalidades criticadas pelo republicano, como o senador Mitt Romney e o seu ex-conselheiro para a pandemia de covid-19, Anthony Fauci, reconheceram terem sido forçados a aumentar a sua segurança devido a ameaças de apoiadores do magnata.

Trump também ataca frequentemente os migrantes, aos quais acusa de "envenenar o sangue" dos Estados Unidos e de comer animais de estimação dos americanos.

"Não ficaria surpresa se matassem" um congressista, alertou a parlamentar republicana Susan Collins em 2022. A declaração ocorreu semanas antes de um homem armado com um martelo atacar o marido da influente congressista democrata Nancy Pelosi.

Para Peter Loge, professor da Universidade George Washington, a violência política nos Estados Unidos não é novidade, citando os "distúrbios, assassinatos e tentativas de assassinato" contra líderes políticos, de Abraham Lincoln a Ronald Reagan.

Mas muitos especialistas concordam que estes atos aumentaram quando Trump chegou ao poder, em janeiro de 2017.

Segundo a polícia do Capitólio, responsável pela proteção dos congressistas, as ameaças contra estes políticos mais que duplicaram desde a posse do republicano.

De acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada em maio, 70% dos americanos temem mais casos de violência após as eleições presidenciais de 5 de novembro.

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