'Estamos aqui para ficar', dizem colonos judeus em manifestação na Cisjordânia
Milhares de israelenses se manifestaram para exigir mais assentamentos judeus no território palestino
Com bandeiras de Israel e escoltados por soldados, milhares de israelenses se manifestaram nesta segunda-feira (10) na Cisjordânia, para exigir mais assentamentos judeus neste território palestino ocupado.
Entre a multidão, com muitas famílias com crianças, também estava o ministro de Segurança Nacional, de extrema direita, Itamar Ben Gvir, que declarou que "a resposta ao terrorismo é construir" colônias.
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Cerca de 475.000 judeus moram em assentamentos na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde vivem 2,9 milhões de palestinos.
Todas as colônias israelenses são consideradas ilegais pelo direito internacional, mas Israel faz distinção entre os assentamentos aprovados por autoridades e os estabelecidos por seus cidadãos sem a permissão do governo.
A marcha desta segunda-feira seguiu para Eviatar, uma colônia construída em maio de 2021 sem a aprovação do Estado e que os moradores aceitaram evacuar alguns meses depois enquanto as autoridades analisavam sua autorização.
Israelenses de todas as idades, também muitos homens armados, participaram do protesto.
Agentes bloquearam rodovias para preservar a segurança, o que obrigou o fechamento de escolas, segundo autoridades palestinas.
"Creio que a única solução para todos estes problemas é nos instalarmos aqui", em Eviatar, disse Rivka Katzir, de 74 anos, procedente da colônia de Elkan.
"Se houver um novo assentamento que pretendemos desenvolver, iremos até lá", declarou esta mulher à AFP, com uma bandeira israelense atada a um de seus bastões de marcha.
"Com a ajuda de Deus, legalizaremos outras dezenas" de assentamentos, disse aos manifestantes Ben Gvir, ele mesmo morador de uma colônia.
"Apoiar o povo"
A implantação da colônia de Eviatar havia provocado uma onda de manifestações de palestinos, especialmente no povoado próximo de Beita, onde vários morreram em enfrentamentos com o Exército israelense.
Na segunda-feira, alguns locais mostraram bandeiras palestinas e lançaram pedras contra os soldados, que responderam com gás lacrimogêneo.
Segundo o Crescente Vermelho da Palestina, os serviços médicos atenderam 216 pessoas, a maioria por inalação de gás lacrimogêneo e 22 por lesões com balas de borracha.
Em Eviatar, centenas de homens judeus oravam juntos, enquanto as crianças brincavam em um ambiente festivo.
Para Rina Cohen, procedente de Jerusalém, o ato foi um "sucesso". "Queremos apoiar o povo porque (...) suas casas foram destruídas", assegurou à AFP esta mulher de 22 anos junto a seu marido.
Esta concentração ocorreu em um contexto de tensão na região, após a brutal invasão, na semana passada, das forças israelenses da mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, em pleno Ramadã, uma operação que impulsionou uma onda de violência.
Até agora neste ano, o conflito israelense-palestino já tirou a vida de ao menos 94 palestinos, 19 israelenses, uma ucraniana e um italiano, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais.
Porém, os manifestantes de Eviatar não pareciam amedrontados com o aumento da violência. "O terror não nos assusta", disse Ezri Tobe, de 52 anos, um habitante da colônia Yitzhar, perto de Nablus.
"O que nos motiva são os milhares de anos de história", explicou. Nós, israelenses, estamos nos manifestando para dizer ao governo que 'estamos aqui para ficar'", lançou.