Manifestações

Estudantes iranianas desafiam repressão com novos protestos

Jovens iranianas vão às ruas e retiram o véu para protestar pela morte de Mahsa Amini, morta pela polícia moral iraniana

Protestos no IrãProtestos no Irã - Foto: AFP

As jovens estudantes iranianas realizam manifestações esporádicas, nas quais retiram o véu, para protestar pela morte de Mahsa Amini, desafiando a forte repressão aos protestos que acontecem por quase três semanas no Irã.

Amini, a jovem iraniana de origem curda de 22 anos, morreu em 16 de setembro, três dias depois de ter sido presa pela polícia moral por supostamente violar o rígido código de vestimenta feminino, que inclui o uso de um véu sobre a cabeça. 

Uma onda de indignação agitou o país e o movimento de protesto se tornou o mais importante desde as manifestações de 2019 contra o aumento do preço da gasolina.  

Ao menos 92 pessoas morreram desde 16 de setembro, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega. Por sua vez, as autoridades iranianas divulgaram um balanço de 60 mortos, incluindo 12 agentes de segurança.

Mais de mil pessoas foram detidas e 620 já foram libertadas na província de Teerã, segundo as autoridades.

No último fim de semana, um grupo de estudantes se reuniu e foi encurralado pela tropa de choque da polícia em um estacionamento subterrâneo da Universidade de Tecnologia de Sharif. Em seguida, foram presos.

Desde então, grupos de estudantes muito mais jovens, muitas vezes meninas do ensino médio, tomaram a frente dos protestos que consistem em retirar os véus e gritar palavras de ordem contra o regime.

Um vídeo verificado pela AFP mostra meninas jovens com os cabelos à mostra gritando "morte ao ditador", em alusão ao líder supremo Ali Khamenei, na segunda-feira em uma escola de Karaj, a oeste da capital Teerã.

Outro grupo gritava "Mulher, vida, liberdade", enquanto se manifestava na rua.

"São cenas verdadeiramente extraordinárias. Se essas manifestações conseguirem algo, será graças a essas estudantes", declarou Esfandyar Batmanghelidj, do portal de informação e análise Bourse&Bazaar.

Jovens 'de 16 anos'
O procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, garantiu nesta quarta-feira que havia jovens participando das manifestações devido à influência das redes sociais.

"O fato de haver jovens de 16 anos nesses eventos é uma consequência das redes sociais", declarou o procurador-geral, segundo a agência ISNA.

Por sua vez, o ministro da Educação, Yousef Nouri, citado pela agência IRNA, assegurou que "os ataques do inimigo têm como alvo as universidades e os mundos da ciência e da educação".

Desde o início do movimento de protesto, o regime iraniano intensificou a repressão prendendo os apoiadores das revoltas mais prominentes e impondo duras restrições de acesso às redes sociais.

Nesta quarta, a ONG Human Rights Watch afirmou que verificou 16 vídeos publicados nas redes sociais, nos quais, segundo a mesma, agentes da "polícia e de outras forças de segurança" aparecem "usando a força de maneira excessiva e letal contra manifestantes". 

As imagens mostram a polícia "usando armas de fogo, como pistolas e fuzis Kalashnikov", disse a ONG em um comunicado. A repressão "demonstra um esforço concertado por parte do governo para aplacar a dissidência, com desprezo insensível pela vida", acrescenta o documento.

Por sua vez, as autoridades judiciais iranianas negam qualquer vínculo entre a morte de uma adolescente e a repressão às manifestações.

Nas redes sociais, circularam informações de que a jovem Nika Shahkarami foi morta pelas forças de segurança durante as manifestações.

A violenta repressão aos protestos no Irã gerou uma onda de condenação em todo o mundo e manifestações de apoio às mulheres iranianas em uma dezena de países. 

Depois que Estados Unidos e Canadá anunciaram sanções contra o Irã, o alto representante para a política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que o bloco estava considerando a imposição de medidas similares por causa da repressão violenta aos protestos. 

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, alertou que a UE pode esperar "uma atitude recíproca".

O Irã acusou diversas vezes as forças estrangeiras de incentivar os protestos. Em seus primeiros comentários públicos desde a morte de Mahsa Amini, realizados na na segunda-feira, o líder supremo Khamenei acusou os principais inimigos do Irã, Estados Unidos e Israel, de fomentar os incidentes.

Nesta quarta-feira, o Irã convocou o embaixador britânico Simon Shercliff para expressar seu protesto pela "interferência" do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido em assuntos internos do país por causa de suas críticas às ações das autoridades iranianas.

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