Estudo indica relação entre o consumo de bebida alcoólica e a dor crônica
Uso excessivo de bebidas alcoólicas pode tornar as pessoas mais sensíveis a estímulos percebidos pelo organismo como dolorosos
O consumo crônico de bebidas alcoólicas pode tornar as pessoas mais sensíveis à dor por meio de dois mecanismos moleculares diferentes: um impulsionado pela ingestão de álcool e outro pela abstinência da substância, de acordo com um estudo publicado no British Journal of Pharmacology, em 12 de abril.
A pesquisa desenvolvida por cientistas da Scripps Research trata das complexas ligações entre álcool e dor.
"Existe uma necessidade urgente de entender melhor a via de mão dupla entre dor crônica e dependência de álcool", diz uma das autoras do estudo, Marisa Roberto, professora de neurociência na Scripps Research.
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"A dor é um sintoma generalizado em pacientes que sofrem de dependência de álcool, bem como uma razão pela qual as pessoas são levadas a beber novamente", acrescenta Marisa.
Mais da metade das pessoas com transtorno do uso de álcool experimenta algum tipo de dor persistente. Isso inclui a neuropatia alcoólica, que é um dano nos nervos que causa dor crônica e outros sintomas.
Segundo o estudo, o transtorno do uso de álcool está associado a mudanças na forma como o cérebro processa os sinais de dor. Assim como a dor pode levar ao aumento do consumo de álcool, durante a abstinência, as pessoas com transtorno do uso de álcool podem ter alodinia, em que um estímulo inofensivo é percebido como doloroso.
No estudo, Marisa e sua equipe compararam três grupos de camundongos adultos: animais dependentes de álcool (bebedores excessivos), animais com acesso limitado ao álcool e não considerados dependentes (bebedores moderados) e aqueles que nunca receberam álcool.
Em camundongos dependentes, a alodinia se desenvolveu durante a abstinência de álcool e o subsequente acesso ao álcool diminuiu significativamente a sensibilidade à dor.
No entanto, cerca de metade dos camundongos que não eram dependentes de álcool também mostraram sinais de aumento da sensibilidade à dor durante a abstinência de álcool, mas, ao contrário dos camundongos dependentes, essa neuropatia não foi revertida pela reexposição ao álcool.
Em seguida, os pesquisadores mediram os níveis de proteínas inflamatórias nos animais. Eles descobriram que as vias inflamatórias estavam elevadas em animais dependentes e não dependentes. Este dado sugere que as proteínas inflamatórias podem ser úteis como alvos de drogas para combater a dor relacionada ao álcool.